Correio Braziliense
postado em 02/06/2020 08:06
O grupo francês Sodexo passou a disputar um novo nicho de atuação no Brasil: delivery de refeições, com foco no consumidor final. Na mira, está um dos poucos mercados que foi incentivado com a pandemia do novo coronavírus. Somente neste ano, o movimento esperado é de R$ 19,5 bilhões, segundo projeção recém-revisada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).Nas três primeiras semanas de testes da nova estratégia, a Sodexo entregou mais de mil refeições nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. O projeto marca a ampliação do foco no Brasil, do mundo corporativo para o consumidor final, e conta com parcerias com aplicativos de entrega. Uma parceria já foi fechada com o Rappi e há conversas com mais plataformas de entrega.
Baseado no modelo "cloud kitchen", a chamada cozinha invisível e que segue a lógica do "coworking", com o compartilhamento de espaços de produção, é voltado exclusivamente ao atendimento de pedidos online. A operação começa com quatro unidades para atender o consumidor final, sendo duas na cidade de São Paulo, uma em Barueri (SP) e outra em Porto Alegre (RS).
Na prática, a Sodexo está aproveitando estruturas existentes e antes voltadas exclusivamente ao mercado corporativo para, agora, atender também ao consumidor final. A meta é ampliar a nova estratégia para entre 15 a 30 unidades ainda neste ano. Em contrapartida, a expectativa do grupo é que a rede de "restaurante fantasma" com foco nos consumidores amplie em 50% a produção já existente nessas cozinhas.
De acordo com o diretor de digital e inovação da Sodexo On-site Brasil, Rubenson Chaves, em 2021, serão 100 unidades que vão estar atendendo no novo modelo de um universo potencial de 2 mil unidades espalhadas pelo Brasil. "Uma grande rede de alimentação tem hoje ao redor de 300 cozinhas no Brasil. Nosso universo permite ter uma estrutura seis vezes maior. Queremos ser gigantes neste mercado", diz Chaves, sem revelar o investimento feito.
A estratégia da Sodexo, explica, já estava sendo traçada antes mesmo da pandemia. O Brasil foi escolhido ao lado da França, país sede da companhia, para capitanear o novo nicho de atuação. O mercado brasileiro é considerado pioneiro no grupo. Isso porque na França foi adotado um formato combinado entre corporativo (B2B, na sigla em inglês) e consumidor final (B2C, na sigla em inglês).
"O Brasil rapidamente testa modelos. Pesquisas mostram que esse perfil se acentuou na pandemia, com as pessoas ainda mais abertas a comparar e testar mais", justifica o diretor da Sodexo, lembrando que a companhia acompanha a jornada de mais de 100 milhões de consumidores em todo mundo diariamente, sendo 1,5 milhão só no Brasil.
Além disso, a pandemia do novo coronavírus também ajudou a turbinar o mercado de delivery de refeições no Brasil. Com as medidas de isolamento social para conter a doença, os pedidos aumentaram e fizeram o setor revisar sua estimativa. Antes de R$ 18 bilhões, a nova projeção do setor, representado pela Abrasel, é de um faturamento de R$ 19,5 bilhões, considerando os serviços de delivery e "take away", aquele em que o consumidor pede e retira no local.
"Tivemos uma aceleração do esforço e do aumento de pedidos por delivery. O setor que antes crescia 20% ao ano, vai se expandir em 30% em 2020. Serão R$ 4,5 bilhões a mais de um ano para o outro, o que é muito expressivo", avalia o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.
Diante da propagação de opções de delivery de refeições ao consumidor final em meio à pandemia, a aposta da Sodexo para conquistar a preferência é a bagagem global que carrega no segmento de alimentações corporativas. O menu está disponível na Deli Express by Sodexo (com refeições a R$ 36) e Receitas de Casa by Sodexo (em média, R$ 19). "Nossos padrões são os mesmos de São Paulo à Finlândia. Temos de garantir que o prato pronto, que saiu da nossa cozinha com uma determinada temperatura, chegue até o consumidor final quentinho", destaca Charles, da Sodexo.
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