Economia

Pessimismo na indústria




A indústria vê com pessimismo o cenário para o setor a curto e a médio prazos. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a queda de 1,4% na produção das fábricas no primeiro trimestre reflete apenas parcialmente aos efeitos da pandemia de covid-19, e o período de abril a junho apresentará dados muito piores.

De acordo com o presidente da entidade, Robson Andrade, parte do problema é a ineficácia das medidas adotadas até agora pelo governo para amenizar a crise. “As medidas de aumento do capital de giro implementadas até agora ainda são insuficientes. Se as empresas continuarem com a dificuldade atual de acesso a capital de giro, o número de falências e o consequente aumento do desemprego comprometerão o ritmo de recuperação”, avaliou.

 “Algumas iniciativas do governo para elevar a liquidez do sistema financeiro, para reduzir o custo e aumentar a oferta de financiamentos já foram adotadas. No entanto, em meio a tantas incertezas, essas medidas se mostram pouco eficazes para impedir a insolvência de um grande número de empreendimentos”, completou Andrade.

Guto Ferreira, analista político-econômico da Solomon’s Brain, destaca que, levando em consideração que, “em janeiro e fevereiro, o país ficou em negação, acreditando que o vírus não chegaria aqui, a queda trimestral do PIB ficou dentro do esperado”. No futuro, “o cenário é claríssimo e já deveria ser admitido pelo governo para que todos pudessem entender e se preparar melhor”.

“Com dois trimestres negativos, já estaremos em recessão. O governo deveria apresentar um plano, em vez de focar exclusivamente no discurso otimista. Otimismo não tira ninguém da crise. O que tira é planejamento e trabalho”, apontou Ferreira. Ele lembrou que, apesar de representar entre 9% e 11% do PIB, a indústria responde por 30% dos impostos arrecadados pelo governo, e concentra os produtos de maior valor agregado, os maiores salários e os profissionais mais qualificados.