Economia

Estoque acumula com rapidez



 Com a crise da pandemia, o número de empresas do setor varejista que diz estar com estoques excessivos chegou a 20% em abril — bem perto do recorde da série histórica de 21,3%, registrado em outubro de 2015 —,  segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). E a velocidade dessa constatação assusta. No segmento de bens duráveis como os automóveis, a proporção de empresas com estoques excessivos saltou de 16,5% em março para 30% em abril. E, no segmento de bens semiduráveis como roupas, foi de 13,8% para 23,3%. A média do varejo só não bateu o pico de 2015 em razão dos estoques dos bens não duráveis, que caíram de 17,3% para 16%, diante da maior procura por alimentos e bebidas durante a quarentena.

“É difícil deixar de consumir os itens essenciais, mesmo com restrições no orçamento. Então, isso (estoque excessivo) está muito concentrado nos bens duráveis e semi-duráveis, como veículos, móveis, eletrônicos, vestuários e calçados”, afirma o economista do FGV/Ibre, Rodolpho Tobler, dizendo que essa mudança econômica abrupta também abalou a confiança do empresário. “O empresário está cada vez mais cauteloso. Houve uma piora generalizada, exceto no setor de hipermercados e bens essenciais”, diz.

E é por isso que a CNC também estima que essa situação pode eliminar até 2,4 milhões de empregos no comércio, o equivalente a cerca de 30% dos postos de trabalho do setor. Bentes explica que as medidas anunciadas pelo governo durante a pandemia da covid-19, como o diferimento de impostos e a possibilidade de reduzir temporariamente o salário dos trabalhadores, foram bem recebidas pelo setor, mas não serão suficientes para adequar as despesas dos lojistas a esse fluxo quase nulo de vendas.