Economia

Bolsa fecha em alta de 2,10%, com melhora da percepção sobre política

A reação positiva do mercado aos sinais de entendimento entre União e Estados para manter sob controle os salários do funcionalismo até o fim de 2021 manteve o Ibovespa descolado do dia negativo no exterior, com a relativa moderação da preocupação com a questão fiscal levando o índice de referência da B3 a testar a linha de 83 mil pontos, atingindo assim o maior nível intradia desde 29 de abril (então aos 83.598,01) e se aproximando também do nível de encerramento daquela sessão (83.170,80 pontos). Entre as blue chips, as ações de bancos puxaram a recuperação, em dia misto para os papéis de Vale e Petrobras. Assim, o Ibovespa conseguiu encadear a segunda alta, fechando o dia com ganho de 2,10%, aos 83.027,09 pontos, oscilando entre mínima de 81.317,11 e máxima de 83.308,96 pontos em sessão na qual o giro financeiro totalizou R$ 27,6 bilhões. Na semana, o índice avança agora 7,05% e, no mês, 3,13%, cedendo até aqui 28,21% no ano. "Se vai ficar, é outra história, mas para o dia serviu bem esta reunião do governo com Estados. Aliviou a percepção de risco político, que vinha se refletindo especialmente no dólar e no empinamento dos juros. Com o mercado negativo lá fora, foi 100% isso o que prevaleceu hoje", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Nesta quinta-feira, o dólar spot fechou em baixa de 1,88%, a R$ 5,5818, acumulando até aqui perdas de 4,40% na semana, mas ainda avançando 2,63% no mês. "Essa boa melhora no ambiente político, que atrasou nossa recuperação frente aos mercados globais, também ajudou na queda do dólar, que caminha para a pior semana do ano", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, destacando também sinalização feita pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na quarta, de que o "o Bacen pode ampliar sua intervenção no câmbio, se necessário", e o compromisso do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com o prosseguimento das reformas, no "pós-pandemia". "Como o real ainda possui um 'gap' de cerca de 10% frente a seus pares e, segundo o presidente do BC, 'existe espaço amplo de venda de reservas ainda', esse ajuste pode prosseguir nos próximos dias se, de fato, o ambiente político não azedar", acrescenta Ribeiro. Com novo ajuste negativo da moeda americana nesta quinta-feira, as ações de frigoríficos e de papel e celulose, setores exportadores que ampliam a geração de receitas em real quando o dólar se fortalece, estiveram entre as maiores perdedoras dentre os componentes da carteira Ibovespa, com Suzano em baixa de 4,40%, Marfrig, de 4,21%, Klabin, de 3,93%, e Minerva, de 3,65%, - perdas superadas apenas pela de 7,36% registrada por IRB na sessão. Na ponta positiva do Ibovespa, CCR subiu 11,65%, seguida por Cyrela (+11,00%) e Ecorodovias (+9,83%). Entre os bancos, destaque para alta de 7,06% em Banco do Brasil ON, com Bradesco, Itaú e Santander registrando ganhos acima de 5% na sessão, chegando a 6,13% para Bradesco ON. Destaque negativo entre as blue chips para Vale ON, em baixa de 2,61% no fechamento, com desempenho misto para as ações da Petrobras (ON +0,35% e PN -0,57%), em dia de novo avanço, embora mais moderado do que o do dia anterior, para o Brent (+0,87%, a US$ 36,06 por barril para julho).