Economia

Minha Casa Minha Vida ajudou para que tombo do setor de construção fosse menor

Diante da crise provocada pelo novo coronavírus, as construtoras que atuam no Minha Casa Minha Vida (MCMV) estão sentindo um impacto menor nas vendas em comparação com o restante do setor. Enquanto nos empreendimentos de médio e alto padrão as vendas despencaram 65%, as do MCMV registraram uma queda bem menor, de 30%, segundo dados da Secovi-PS referentes à primeira semana de maio. Assim como na crise iniciada em 2014, o programa tem segurado os negócios na pandemia. A construtora Tenda informou que, a despeito de muitos estandes fechados, registrou em abril o melhor mês de vendas em todo o ano. Focada no Minha Casa Minha Vida, a companhia tem encontrado demanda apesar da crise. "Nosso cliente é resiliente", afirmou o diretor de relações com investidores, Renan Sanches. A companhia tem conseguido dar vazão aos negócios essencialmente pelos canais digitais. A Direcional, que também atua no programa, antecipou que as suas vendas em abril e maio estão em um nível semelhante ao registrado no primeiro trimestre. "As vendas estão saudáveis dentro do contexto em que estamos vivendo", avaliou o presidente da companhia, Ricardo Ribeiro, em conferência com investidores. A principal explicação para a blindagem do mercado de imóveis populares é que os consumidores do segmento desejam sair da moradia atual - seja porque ela é compartilhada com outras famílias, ou porque o imóvel está em más condições. Há também o interesse em trocar o aluguel pela prestação da casa própria, uma vez que os valores são semelhantes. Outro ponto é que o ritmo de formação de novas famílias nesse estrato social ainda é maior do que a quantidade de imóveis novos produzidos a cada ano. "Ou seja, tem demanda suficiente para absorver a oferta", disse Ribeiro. Com isso, a tendência é que o Minha Casa Minha Vida ganhe ainda mais representatividade no total de negócios nos próximos meses. Atualmente, o programa responde por 79% dos lançamentos e 71% das vendas no País, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). Mas esse peso tende a crescer ao longo dos próximos meses, assim como ocorreu na crise iniciada em 2014, quando o programa marcou mais de 80% dos negócios. Enquanto isso, o Ministério do Desenvolvimento Regional prepara ajustes no programa, que devem ser anunciados assim que a pandemia der uma trégua. O novo MCMV terá uma nova modalidade, dedicada à regularização fundiária, substituindo a faixa 1, que foi paralisada por falta de recursos da União. O objetivo aqui é fazer um mapeamento de casas que já existem em áreas que sejam regularizáveis e conceder o título da propriedade e do terreno. O governo federal também estuda reduzir as taxas de juros do MCMV. Empresários do setor propuseram crédito com taxas entre 4% a 6% ao ano, ante a regra vigente, de 5,5% a 8,16% ao ano. Mas a governo deve adotar um corte mais enxuto, que fique em torno de 0,5 ponto porcentual a 0,75 ponto porcentual. Renda No segmento de imóveis para população de renda média e alta, o clima é de maior apreensão. Neste caso, o senso de urgência dos clientes para fechar negócio é menor. Muitos já vivem em um local confortável, e a compra é uma espécie de upgrade para um apartamento maior ou em uma melhor localização. "Na classe média e alta, as vendas certamente foram muito mais impactadas, porque esse cliente se isolou dentro de casa", contou Raphael Horn, copresidente da Cyrela. Já a Tecnisa relatou que as vendas em abril foram 55% menores do que previsto para o mês, antes da crise. "Sentimos um efeito nas vendas, uma vez quer os estandes estão fechados", explicou o diretor presidente, Joseph Meyer Nigri. A Eztec registrava vendas médias de R$ 40 milhões por semana até a primeira quinzena de março. Mas, com a chegada da crise, esse patamar despencou 90%, para R$ 4 milhões por semana. A boa notícia, segundo o diretor de relações com investidores, Emílio Fugazza, é que desde o fim de abril, as vendas estão se aproximando de um patamar um pouco mais alto, de R$ 10 milhões por semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.