A reabertura de algumas economias da Europa e a garantia do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, de que vai usar todas as ferramentas possíveis para combater a recessão econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus, animaram os mercados e contagiaram o Brasil. Principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o Ibovespa fechou em alta de 4,69% ontem, em 81.194 pontos, maior ganho diário desde 6 de abril, quando a alta foi de 6,52%. O dólar recuou 2,09%, cotado em R$ 5,72. Um terceiro motivo justificou a alta das bolsas mundo afora: a empresa americana Moderna anunciou resultados positivos na primeira fase do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19.
Para o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, a abertura das economias no Brasil teve maior impacto do que a possibilidade de uma vacina. “Esta semana é a Moderna, na semana passada foi outra empresa. Mais do que isso, o otimismo reflete o fim dos lockdowns, porque isso mostra uma esperança de recuperação com risco menor da segunda onda”, destacou. Spyer acrescentou que o presidente do Fed, ao garantir que vai apostar contra a economia dos Estados Unidos, também impactou o ânimo dos mercados. No mercado doméstico, a boa notícia foi a afirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que não vê sua saída do governo próxima, completou Spyer.
Na opinião do economista Sidnei Moura Nehme, diretor da NGO, a repercussão interna foi desproporcional. “O fato gerador é externo, não tem nada de bom aqui dentro. Nossa economia continua mal. O que houve foi relaxamento da rigidez no exterior”, explicou. Segundo ele, o dólar naufragou contra todas as moedas, inclusive a de países emergentes. “O que prova que a coisa é emocional e não racional é que a bolsa brasileira subiu mais do que as outras sem motivo”, reiterou.
Nehme lembrou que o ambiente político do país ainda é bem ruim. “A única coisa que vai bem são as exportações de produtos agrícolas. Neste sentido, tem notícia boa. A China avisou que quer aumentar seus estoques alimentares e comprar muita coisa do Brasil”, assinalou. “Porém, qualquer tremor político, amanhã (hoje), pode derrubar os mercados”, estimou.
A alta do petróleo, que também reflete o reaquecimento da China, ganhou impulso depois de alguns países produtores considerarem rever a produção e reduzir estoques. “O Iraque prometeu aderir aos cortes de produção, o que deve elevar o preço da commodity”, acrescentou o diretor da Mirae, Pablo Spyer. Na esteira da valorização do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras tiveram alta de 8,1% (preferenciais) e de 9,7% (ordinárias).
Contagiado ou não pelo mercado externo, o fato é que até mesmo as empresas aéreas e da área de turismo, as mais impactadas pela crise de coronavírus, se valorizaram ontem. Os papéis da Azul subiram quase 30%, os da Gol, 14,45%, e os da CVC, 19,24%. Os ativos da Vale subiram 6,68%, em uma sessão de ganhos para o minério de ferro. (SK)
Exército assume trecho de ferrovia
O Exército assumirá parte das obras da Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol), na Bahia. O anúncio foi feito pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que esteve ontem no trecho em São Desidério (BA). O 4º Batalhão de Engenharia de Construção (4º BEC), de Barreiras, e o 2º Batalhão Ferroviário, de Araguari, serão responsáveis pela conclusão do Lote 6, entre Bom Jesus da Lapa (BA) e São Desidério (BA). As obras são divididas em dois trechos: a Fiol 1, de lhéus (BA) a Caetité (BA), está com o projeto de concessão encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU); e a Fiol 2, que vai de Caetité (BA) e Barreiras (BA), está com 39% executados.