Economia

Exterior e vacina impulsionam Ibovespa em dia de vencimento e cautela

Notícias externas devem se contrapor, pelo menos por ora, a temores relacionados à política brasileira, como sugere o Ibovespa futuro, que avança acima de 3% e dos 80 mil pontos na manhã desta segunda-feira, 18. A valorização acompanha os ganhos firmes das bolsas europeias e dos EUA, que já amanheceram positivas, mas ganharam ainda mais força após a notícia sobre evolução de um medicamento contra o novo coronavírus. Nesta segunda-feira, a farmacêutica americana Moderna anunciou que teve avanços em testes de sua vacina mRNA-1273 contra a doença. Relatou que houve "dados positivos" em testes iniciais com 45 pessoas. Às 10h47, o Ibovespa subia 3,54%, aos 80.283 pontos, zerando, portando as perdas de 3,37% da semana passada. No exterior, as bolsas subiam entre 2,00% e quase 4%. A expectativa de retomada de algumas economias após o isolamento social determinado para conter a pandemia é outro fator a impulsionar os mercados acionários internacionais e estimular o local também, observa o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira. "O movimento lá fora está forte, e isso deve ajudar aqui hoje", diz. A alta das commodities, como a do petróleo de mais de 8% em Nova York e superior a 6% em Londres, e do minério, de 3,41% no porto de Qingdao, na China, deve sustentar ganho das principais blue chips da B3 - Petrobras e Vale. No entanto, há risco de a expectativa de valorização na Bolsa brasileira ser limitada pelo risco político, pelo aumento dos casos da doença e pelo vencimento, hoje, de opções sobre ações. "Enquanto lá fora os países estão tentando retomar as atividades, o Brasil está indo na contramão, e com adoção de lockdown em algumas cidades e preocupação em relação ao pico aumento da demanda de pacientes com covid-19 nos hospitais. Ainda assim, a Bolsa deve subir hoje por causa do externo", afirma. Além do temor relacionado ao crescimento no número de casos de pessoas infectadas pela pandemia e no total de mortes, Bandeira lembra ainda da questão política no Brasil, que continua ganhando novidades e reforçando a instabilidade. "O quadro interno é ruim, seja pelos indicadores, pelo político, mas hoje os mercados tendem a reagir ao exterior", estima. No domingo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, disse que a economia americana deve se recuperar gradualmente no segundo semestre e que a instituição ainda tem munição para combater a recessão. Se por um lado a fala de Powell anima, "não podemos esquecer da escalada das tensões comerciais entre EUA e China", observam em nota os analistas da Rico Investimentos. O governo chinês divulgou uma nota em resposta às restrições impostas pelos EUA contra as companhias de tecnologia chinesas, alertando para uma possível ameaça à cadeia de produção global e anunciou novas restrições para companhias de chips americanas manterem seus negócios com as subsidiárias chinesas. Já no Brasil, os agentes acompanham os desdobramentos da acusação do empresário Paulo Marinho, ex-aliado do Jair Bolsonaro, de que o presidente teria tentado interferir na Polícia Federal (PF). Marinho acusa também a PF de vazar informações sobre uma operação ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O procurador-geral da República, Augusto Aras, vai analisar a suspeita de vazamento de informações da PF. Ainda segue no radar a expectativa de Bolsonaro por uma definição quanto ao veto ou não de reajustes aos servidores público no âmbito do pacote de socorro aos Estados.