Economia

Mercado projeta tombo de 5,12% para a economia brasileira em 2020

É a 14ª redução consecutiva do indicador, que indica os efeitos da crise do coronavírus no PIB do Brasil

O mercado financeiro reduziu novamente a perspectiva para a economia brasileira neste ano. Agora, a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil sofra um tombo de 5,12% e não mais de 4,11% em 2020, por conta dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus.

A nova projeção do mercado financeiro para o PIB do Brasil consta no Boletim Focus que foi divulgado nesta segunda-feira (18/05) pelo Banco Central. É a 14ª redução consecutiva do indicador, que começou o ano cotado a cerca de 2%, mas desde março passou a contabilizar o efeito recessivo da covid-19.

Com mais essa revisão do PIB, o mercado brasileiro aproximou a sua estimativa de retração das projeções de organismos internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que há mais de um mês já dizem que a economia brasileira deve retrair mais de 5% neste ano em função da crise provocada pelo coronavírus. 

O indicador reforça, portanto, o entendimento dos analistas que dizem que o governo ainda tem projeções otimistas para a economia brasileira. Conforme divulgado na semana passada pelo Ministério da Economia, o governo calcula que a queda do PIB deve ser de 4,7% neste ano, pois espera que as medidas de isolamento social, que são necessárias para reduzir a disseminação da covid-19, mas paralisaram boa parte da economia do país, vigorem só até o fim deste mês.

Para 2021, contudo, o mercado manteve a perspectiva de uma recuperação de 3,2% do PIB. É a mesma projeção de retomada do governo federal.
 
 

Outros indicadores

 
O mercado financeiro também revisou as projeções para a inflação, a taxa de câmbio e a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira em 2020 no Boletim Focus desta semana.

Para a inflação, a perspectiva é de um índice ainda mais baixo, já que a crise causada pelo coronavírus reduziu a pressão sobre os preços da maior parte dos bens e serviços que compõem a cesta da inflação. O Instituto Brasileiro de Geografia de Estatísticas (IBGE) já apontou, por exemplo, uma redução de quase 10% dos preços da gasolina, além de uma queda significativa em bens como móveis e eletrodomésticos e cuidados pessoais que acabou mais que compensando a alta registrada pelos alimentos nas últimas semanas.

Por isso, segundo o Focus, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode fechar o ano em 1,58% - valor abaixo do 1,64% projetado na semana passada e do 2,96% projetado há um mês. O valor também é inferior, portanto, à meta do BC, que é de uma inflação de 4%, com uma faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima.

A inflação baixa é prevista mesmo com a elevação da taxa de câmbio, que, segundo o mercado financeiro, pode fechar o ano em R$ 5,28 - cotação superior à que era projetada no Focus da semana passada: R$ 5. Afinal, diante da desaceleração econômica causada pelo coronavírus, boa parte dessa alta do dólar não está sendo repassada a produtos como trigo e gasolina.

Saiba Mais

Por isso, o mercado financeiro também renovou a perspectiva de que a taxa básica de juros (Selic), que foi cortada de 3,75% para 3% neste mês pelo Banco Central, continue caindo. O mercado espera que a Selic termine o ano em 2,25% e não mais nos 2,5% apontados na semana passada. Ou seja, acredita que, para incentivar o consumo e os investimentos no processo de retomada econômica no pós-coronavírus, o BC faça mais um corte de 0,75 ponto percentual na Selic.