Economia

Bolsa fecha com queda de 1,84% a 77.556 pontos

Dólar sobe 0,40%, para R$ 5,84 e IBovespa acumula desvalorização de 32,9% no ano

Em mais uma sexta-feira turbulenta, com renúncia de ministro do governo Jair Bolsonaro, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) ficou bastante instável com a notícia e com indicadores pouco animadores para a economia brasileira. 

O Índice Bovespa, principal indicador da B3 abriu o dia em queda com após o tombo de 5,9% no IBC-Br, prévia do Produto Interno Bruto (PIB) medida pelo Banco Central, de março, mas estava subindo até a confirmação da saída do ministro da Saúde, Nelson Teich. Em seguida, voltou a cair encerrando com queda perto de 2%. 

O IBovespa fechou a 77.556 pontos, registrando recuo de 1,84% em relação à véspera, na contramão das bolsas de Nova York, que ficaram no azul. As ações que lideraram as perdas da B3 pertencem a setores distintos e não mostram uma tendência específica. Os papéis de Pão de Açúcar, Cyrela e Gerdau, recuaram 7,93%, 7,19% e 6,98%, respectivamente.

No acumulado do ano até hoje (15/05), o IBovespa registrou retração de 32,93%, em meio ao aumento da desconfiança de investidores na recuperação da economia e na capacidade do governo em evitar um aumento acelerado da dívida pública devido ao forte aumento de gastos públicos contra a pandemia de covid-19 neste ano. Não à toa, a debandada de estrangeiros da B3 chegou a R$ 74,5 bilhões até o último dia 13.

Alexandre Espirito Santo, economista da Órama, lembrou que toda sexta-feira está sendo um dia complicado para o mercado de ações brasileiro e ele lamentou o excesso de conflitos na área política no meio da pandemia de covid-19. "Uma crise do governo toda hora está sendo ruim para o mercado, porque gera muita volatilidade. Mas, como a maioria dos agentes aposta na permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, a Bolsa nem caiu muito hoje. O problema é se ele sair também", destacou.

As ações de integrantes do governo dos Estados Unidos sinalizando nova deterioração do relacionamento com a China aumentaram as tensões no mercado internacional ao longo da semana e as moedas dos mercados emergentes foram penalizadas. O real acumula desvalorização de 45,6% no ano frente ao dólar. Hoje, a divisa norte-americana avançou 0,40%, cotada a R$ 5,84 para a venda. 

“A semana foi marcada pela volatilidade e o dólar ficou com a maior volatilidade implícita entre as demais moedas”, informou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. Ele lembrou que o petróleo foi um pontos positivos da semana, pois valorizou 20% desde segunda-feira. 

O contrato do barril do óleo tipo Brent, referência no mercado internacional, para entrega em era negociado a US$ 32,80, com alta de 5,36%.

Cenário ruim

Enquanto a pandemia de covid-19 não dá trégua, as previsões de crescimento global não param de serem revistas baixo e as perspectivas para a América Latina só pioram, uma vez que a região é considerada a mais vulnerável. 

Saiba Mais

O Bank of America (BofA) anunciou nesta sexta-feira (15/05) que prevê retração de 6,8% no Produto Interno Bruto (PIB) da região, com Brasil, México, Equador, Costa Rica e El Salvador como as economias mais afetadas em termos de necessidades de financiamento e sustentabilidade da dívida pública. Nesta semana, o BofA alterou de 3,5% para 7,7% a previsão de queda no PIB brasileiro.

“O principal risco é uma recuperação prolongada em forma de U, atrasando a retomada da economia global, pois os países não têm a capacidade de comprometer as receitas públicas para estabilizar a orientação fiscal”, destacou o documento do banco norte-americano. O relatório do BofA reforçou que “o mundo inteiro está sofrendo os efeitos diretos e indiretos da covid-19” e a “pandemia ainda está longe de se estabilizar”.