Economia

Noruega exclui Vale e Eletrobras da carteira do seu fundo soberano

Decisão do banco central do país levou em conta o risco ambiental que as duas empresas representam além de violações aos direitos humanos

O maior fundo soberano do mundo, da Noruega, com US$ 1 trilhão em ativos, decidiu excluir as empresas brasileiras Vale e Eletrobras de sua carteira de investimentos. A decisão do conselho executivo do Norges Bank, o banco central norueguês, gestor do fundo, levou em conta o risco de que as companhias possam contribuir para danos ambientais e violações aos direitos humanos.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (13/4), o Norges Bank justifica a exclusão da Eletrobras por um “risco inaceitável” da companhia contribuir para sistemáticas violações de direitos humanos e menciona, especificamente, problemas no desenvolvimento da usina de Belo Monte. Procurada, a Eletrobras informou que respondeu a todos os questionamentos encaminhados pelo fundo soberano da Noruega e se colocou sempre à disposição para esclarecer as dúvidas apresentadas. 

“A empresa tem tomado importantes passos estratégicos para fortalecer ainda mais seus compromissos e práticas de Direitos Humanos: em novembro de 2018, assinou a Carta Aberta Empresas pelos Direitos Humanos e recebeu o Prêmio de Direitos Humanos do então Ministério dos Direitos Humanos; em dezembro de 2018, diretrizes temáticas de Direitos Humanos foram incluídas na política de responsabilidade social das empresas Eletrobras; um treinamento de Direitos Humanos envolvendo áreas chave das empresas foi conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV); , lançando bases para o Plano de Ação de Direitos Humanos da Eletrobras”, enumerou. 

A companhia disse ainda que tem objetivos até 2021 que envolvem práticas e treinamentos voltados aos Direitos Humanos. “Esses compromissos estratégicos estão contribuindo decisivamente para prevenir e resolver incidentes relativos a Direitos Humanos e atividades da Eletrobras. Seus resultados estão sendo periodicamente reportados no site e no relatório anual da empresa. O trabalho sobre Direitos Humanos está estruturado e passa por ajustes e melhorias continuamente”, informou.

Mineradora

Saiba Mais

A exclusão da Vale foi recomendada pelo conselho de ética do fundo, em função dos repetidos rompimentos de barragens da mineradora no Brasil. O desastre com a barragem I, em Brumadinho, Minas, em janeiro de 2019, deixou 270 mortos. A tragédia ocorreu pouco mais de três anos após a ruptura da barragem da Samarco, empresa em que a Vale é sócia da BHP Billiton. Procurada a mineradora não quer comentar.

Por conta da sucessão de acidentes ambientais, a Vale já enfrentou a reação de outros investidores. O britânico Church of England se desfez das ações da mineradora após Brumadinho, o fundo de pensão californiano Calpers, com portfólio de US$ 402 bilhões, vendeu todos os bonds (títulos de dívida) da companhia e a gestora holandesa Robeco pôs a Vale em uma lista de empresas com restrições de investimento.