Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, a moeda norte americana testa novos patamares no pregão de hoje e confirma sua força de alta. O dólar chegou a bater R$ 5,95 na máxima do dia e isso força mais uma revisão de cenário, avaliou.
“O dólar tende a subir por três motivos básicos no curto prazo: a queda dos juros em 2020 -- a Selic (taxa básica) pode chegar a 2,25% já na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central); o fluxo estrangeiro negativo para o mercado de capitais já chega a US$ 61 bilhões negativos; e as tensões políticas, que devem piorar ao longo dos próximos dias”, enumerou Perfeito.
O gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, também acredita numa disparada do dólar. “Pode chegar a R$ 6,50, por conta da queda de juros somada ao vídeo e à quarentena sem fim. A economia está se acabando e o governo está cavando um buraco que vai ter que tapar lá na frente. Não me surpreenderá se aparecer algum imposto emergencial para a gente pagar essa conta”, afirmou.
Ele lembrou que a economia perde R$ 20 bilhões a cada semana com atividades paralisadas. “Quase 600 mil estabelecimentos que literalmente fecharam. A economia está jogada à própria sorte, porque politizaram a crise”, destacou.
Juros
André Perfeito ressaltou que os cortes da Selic não terão o impacto desejado de incentivar a economia e terão efeito deletério no câmbio. “O fluxo negativo para o Brasil é resultado de uma maior aversão ao risco. O ponto que me preocupa agora é a questão política que deve ganhar fôlego nos próximos dias com uma eventual divulgação da filmagem da reunião ministerial onde o presidente Bolsonaro supostamente pressiona o ex-ministro Sérgio Moro a interferir na Polícia Federal”, disse.