Economia

Covid-19: pesquisa do IBGE aponta que varejo tem queda de 2,5% nas vendas

Baque foi ainda maior no comércio varejista ampliado, que incluiu veículos e material de construção: 13,7%

A pandemia do novo coronavírus fez o varejo brasileiro ficar no vermelho em março, após 11 meses consecutivos de alta. O baque foi de 2,5% nas vendas do comércio varejista, o maior baque para o mês de março desde 2003. E foi ainda maior no comércio varejista ampliado, que inclui as vendas de veículos e materiais de construção e desabou 13,7% em relação a fevereiro, no pior resultado da série histórica.

O resultado do comércio varejista brasileiro foi divulgado nesta quarta-feira (13/05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) e reflete a redução da demanda provocada pela pandemia do novo coronavírus, que provocou o fechamento do comércio brasileiro das principais cidades brasileiros a partir da segunda quinzena de março. E, segundo o IBGE, só não foi maior por conta da venda de bens essenciais, que continuou em operação e registrou até aumento de demanda diante da covid-19.

De acordo com o IBGE, as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo cresceram 14,6% em março e as vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos avançaram 1,3%. As outras oito atividades varejistas pesquisadas, contudo, fecharam no vermelho.

A maior contração foi registrada no segmento de tecidos, vestuário e calçados, cujas vendas desabaram 42,2%. Mas a queda também foi expressiva nos demais segmentos: a contração foi de 36,1% nas vendas de livros, jornais, revistas e papelaria; - 27,4% em outros artigos de uso pessoal e doméstico; -25,9% em móveis e eletrodomésticos; -14,2% em equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; e -12,5% em combustíveis e lubrificantes.

Quando se olha para o comércio varejista ampliado o cenário também é desanimador. É que as vendas de veículos, motos, partes e peças caíram 20,8% em março. O baque foi o maior desde julho de 2017 e interrompeu uma sequência de dez variações positivas do setor. Já o segmento de material de construção retraiu 7,6%.

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“Março foi bastante impactado pela estratégia de isolamento social adotada em algumas das cidades mais importantes e populosas a partir da segunda quinzena do mês. Essas cidades consideraram hiper e supermercados e produtos farmacêuticos como atividades essenciais, enquanto as demais tiveram as portas fechadas nos comércios de rua e nos centros comerciais”, lembrou o gerente da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), Cristiano Santos.

Santos contou ainda que, por conta desse cenário, 14,5% do total de 36,7 mil empresas consultadas pela PMC apontaram a Covid-19 como principal causa de variação das suas receitas em março. O setor sabe, porém, que esse baque ainda deve ser sentido, e talvez até com mais força, na próxima PMC, referente ao mês de abril. Afinal, em março, o setor foi impactado mais duramente pela pandemia do novo coronavírus só a partir da metade do mês, quando foi determinado o fechamento do comércio. Em abril, por sua vez, a maior parte do comércio passou todo o mês de portas fechadas.