Economia

Amauri Segalla - Mercado s/a

"Sabe o que a Itália fez para controlar a propagação do vírus? A resposta é clara e cristalina: isolamento social radical"





Atenção, empresários: olhem para a Itália

Os empresários brasileiros, tão acostumados a interpretar planilhas, deveriam se concentrar nos números da Itália. Ontem, o país informou que, pela primeira vez em dois meses, menos de mil pessoas estavam internadas em unidades de terapia intensiva. Foram notificados em 24 horas 744 casos do novo coronavírus, o menor crescimento diário desde 4 de março. O ritmo de expansão do contágio (0,3% de um dia para o outro) foi o menor desde 21 de fevereiro. Sabe o que a Itália fez para controlar a propagação do vírus? A resposta é clara e cristalina: isolamento social radical. Enquanto isso, no Brasil representantes de vários setores econômicos pressionam pela retomada atabalhoada das atividades comerciais. Se tudo voltar a funcionar como antes, o coronavírus irá se propagar e medidas ainda mais radicais deverão ser tomadas. É preciso usar um remédio amargo — a quarentena — para aniquilar a contaminação, exatamente como fez a Itália. Só assim, o Brasil estará pronto para voltar à rotina.




As exceções positivas da temporada de balanços


A temporada de balanços tem sido marcada por resultados negativos, mas há exceções. No domingo à noite, o frigorífico BRF reportou números melhores do que a expectativa do mercado. No primeiro trimestre, suas receitas líquidas avançaram 21% ante igual período de 2019. Mais surpreendente: a empresa encerrou o trimestre com R$ 10,5 bilhões em caixa. Não foi um caso único. Maior fabricante de massas e biscoitos do Brasil, a M. Dias Branco viu seu lucro disparar 140% no primeiro trimestre de 2020.


71%
dos brasileiros acham que as suas rotinas nunca mais serão como antes mesmo depois do fim da pandemia. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Consumoteca entre 27 de abril e 3 de maio


Inadimplência avança em abril


Um estudo da Boa Vista, empresa que gerencia o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e atividades como análise de CPF, revela que a inadimplência do consumidor avançou 5,8% em abril na comparação com março, já descontados os efeitos sazonais. Em relação a abril do ano passado, o indicador subiu 6,2%. De acordo com a Boa Vista, na crise do coronavírus os processos de cobrança deverão ser mais digitais para assegurar o fluxo de caixa das empresas.




"A situação se deteriorou muito rapidamente no Brasil. O dólar passou de R$ 5,80, apesar de o Banco Central já ter queimado US$ 50 bilhões para conter a desvalorização. Isso é uma das discrepâncias causadas pela instabilidade política do país. Então, o problema não é econômico, mas político e institucional”

Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, associação que reúne os fabricantes de veículos



As estratégias das montadoras para driblar a crise


As montadoras estão se esforçando para obter algum faturamento durante a crise da covid-19. Na Fiat, os negócios fechados até 31 de maio poderão ter suas parcelas de financiamento pagas a partir de 2021. Na Ford, os financiamentos têm carência de 90 dias. A GM criou um programa inédito de test-drive: a concessionária manda o carro para a casa do cliente. Na Volkswagen, a novidade é a realidade virtual, que permite ao interessado conhecer o veículo remotamente. A crise é feia no setor.



Rapidinhas

» A aviação sofre com o coronavírus. Em abril, o movimento de passageiros da Azul caiu 90% diante do mesmo mês de 2019. O número de voos despencou 87%. “Estamos próximos de atingir um ponto de inflexão na demanda e esperamos retornar nossos voos nos próximos meses”, disse John Rodgerson, presidente da empresa.

» O Grupo Tigre, líder do mercado brasileiro de canos e acessórios hidráulicos, criou um auxílio emergencial para clientes. Em parceria com a startup Fix, especializada em manutenção residencial, a Tigre vai distribuir vouchers de R$ 100 para usuários cadastrados que precisam fazer reparos em casa.

» A Qualicorp, maior administradora de planos de saúde coletivos do Brasil, prioriza comunidades pobres nos seus programas de combate ao coronavírus. A empresa doou 3 mil litros de álcool em gel para as favelas de Paraisópolis (São Paulo) e do Vidigal (Rio), além de três mil testes rápidos a profissionais da saúde pública.

» Os brasileiros estão preocupados com o pagamento dos R$ 600 oferecidos pelo governo para socorrer trabalhadores na crise do coronavírus. Segundo o Google, nas últimas 24 horas a pesquisa “data da segunda parcela do auxílio emergencial” subiu 40%. As principais perguntas sobre o tema são “até quando vai o auxílio emergencial” e “como refazer o cadastro emergencial”.