O que fazem as lideranças políticas enquanto o Brasil derrete?
O dólar se aproxima de R$ 6 e, nas últimas semanas, superou por diversas vezes o maior valor nominal (sem contar a inflação) da história. A bolsa brasileira tem o pior desempenho do mundo, em 2020, caindo o dobro dos índices de países como Argentina e México. Enquanto você lê este texto, milhões de brasileiros se acotovelam nas filas da Caixa para resgatar o socorro de R$ 600, mas a maioria sequer consegue. Todos os dias, 12,8 milhões de desempregados –– mais do que a população de Portugal –– se desesperam com o horror de viver sem renda. Em abril, o faturamento de 39 de 41 setores econômicos recuou. Até o final de 2020, 2,5 mil empresas vão pedir recuperação judicial, número muito superior à média anual, de 1,4 mil. Com a deterioração econômica e fiscal, e a crise política sem fim, as agências de classificação de risco começaram a rebaixar a nota de crédito do Brasil. O que fazem os governantes enquanto o país derrete? Que estratégias eles têm para oferecer? Onde estão as lideranças?
“É preciso criar alternativas para a indústria brasileira”
José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, a associação da indústria do plástico, participou ontem do encontro de empresários com o presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Em pauta, a retomada da economia. “É preciso criar alternativas para a indústria brasileira no pós-pandemia”, diz Coelho. “Do contrário, o setor corre o risco de ser ainda mais abalado”. Marcaram presença nas reuniões os representantes de quinze entidades setoriais.
“Estrangeiros vão encontrar um Brasil vulnerável”
Segundo o presidente da Abiplast, o país deve programar de forma coordenada a volta progressiva das atividades. “Diferentemente de outros países que passam pela pandemia, nós estamos vindo de uma recessão de quase 10 anos”, afirma. “Quando eles saírem pelo mundo em busca de mercados, vão encontrar um Brasil vulnerável, com empresas com dificuldades de todos os tipos (caixa, mercado, demanda). Por isso é necessário fornecer o mínimo de condições para que o quadro não fique mais grave”.
Companhias aéreas iniciam retomada
A redução do número de infectados pelo coronavírus na Europa e na Ásia está estimulando algumas companhias aéreas a acelerar a retomada de suas operações. A holandesa KLM, que calcula ter perdido 275 milhões de euros na pandemia, vai reativar nos próximos dias 15% de seus voos no continente europeu. Uma das principais aéreas da Ásia, a sul-coreana Korean Air pretende retomar 19 rotas internacionais a partir de primeiro de junho, incluindo destinos nos Estados Unidos e na Alemanha.
Rapidinhas
Com as concessionárias de carros novos e usados praticamente paradas, as vendas digitais de automóveis aceleram no Brasil. Segundo Luciano Ávila, líder da área comercial da OLX, em janeiro o anúncio de um veículo tinha, em média, 247 mil visualizações. Em abril, no auge da pandemia, o número subiu 11%, para 275 mil.
O setor automotivo, porém, tem motivos de sobra para se preocupar. Com as fábricas paralisadas, toda a cadeia sofre. Em março, o faturamento da indústria de autopeças caiu 16% na comparação com o mês anterior. No acumulado do primeiro trimestre, a queda foi de 10,7% ante iguais meses de 2019. Os dados são do Sindipeças, entidade que reúne os fabricantes.
O balanço financeiro da Ambev mostra que os brasileiros não têm o hábito de beber em casa. Com os bares fechados, o volume de cervejas vendidas caiu 9,1% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. As receitas também encolheram: 9,6% nos três primeiros meses do ano, para R$ 6,5 bilhões.
O Google e a Fundação Bill e Melinda Gates vão lançar uma plataforma de pagamentos digitais para quem não tem conta bancária. De código aberto e gratuito, o sistema será baseado no software Mojaloop, criado pela Fundação Gates em 2017. Cerca de 1,7 bilhão de pessoas não acessam serviços financeiros digitais.