Economia

'Não posso aumentar imposto para fazer obra pública', diz Guaranys

Auxiliar de Guedes disse que investimentos do pós-coronavírus precisa caber no orçamento público

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, voltou a rechaçar nesta quinta-feira (07/05) a ideia de fazer investimentos públicos bilionários depois da pandemia do novo coronavírus, como prevê o Plano Pró-Brasil. Ele ainda afirmou que a retomada econômica deve acontecer dentro dos limites orçamentários do governo, para que o país não entre em uma nova onda de elevação de impostos.

"Temos que fazer isso dentro do orçamento, dentro da capacidade do país, porque não posso aumentar imposto para fazer obra pública", afirmou Marcelo Guaranys, reforçando o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a retomada econômica deve vir pelo investimento privado e pelas privatizações, já que o governo não tem orçamento para aumentar os gastos públicos da forma como gostaria o Pró-Brasil.

Guaranys foi questionado sobre o impasse criado pelo Pró-Brasil em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan. E garantiu que o mal estar que foi causado pela apresentação do plano, a contragosto do Ministério da Economia, já foi resolvido. O secretário repetiu a alegação de Guedes de que o Pró-Brasil é apenas o início dos estudos do grupo interministerial que vai projetar a retomada do pós-coronavírus sob a coordenação da casa Civil, mas com a participação da equipe econômica. "É só o começo. O grupo foi criado agora e tem 50 dias para criar o plano. Estamos trabalhando nisso", alegou.

O auxiliar de Guedes ainda afirmou que esse plano de retomada terá dois eixos. O primeiro eixo é o da ordem, que passa pelas reformas econômicas e pelo plano de desburocratização do ambiente de negócios, que já era defendido pelo Ministério da Economia antes da pandemia do novo coronavírus. "As coisas que travam o país são as mesmas. Se já tínhamos uma situação ruim antes, temos que atacar os mesmos problemas de antes: o gasto errado do dinheiro público, as coisas que travam a iniciativa privada de funcionar, o excesso de burocracia e a reforma tributária. Isso tudo tem que continuar avançando, porque, se vou precisar de uma recuperação mais rápida, tenho que fazer as reformas mais rápidas ainda", defendeu Guaranys.

Já o segundo eixo é o do progresso, que passa pelos investimentos e pelo desenvolvimento da economia brasileira e do emprego. Mas que, segundo a equipe econômica, não deve focar apenas nos investimentos públicos, mas principalmente nos investimentos privados e nas privatizações. "Ordem é reforma e progresso, obras. Mas não tem que imaginar que vou fazer um pacote do PAC antigo e fazer grandes investimentos públicos que vai desenvolver, porque sabemos que não desenvolve", afirmou Guaranys.

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Ele reconheceu que deve haver algumas obras públicas, mas prioritariamente àquelas do setor de infraestrutura, que podem até contribuir com o programa de desestatizações do governo, que, segundo Guedes disse nesta semana ao presidente Jair Bolsonaro e à ala militar do governo, pode atrair R$ 150 bilhões para o Brasil através de privatizações e vendas de ativos no pós-coronavírus. "O Ministério de Infraestrutura, de Minas e Energia, de Desenvolvimento Regional têm a preocupação de garantir orçamento para as obras que estão no planejamento deles. As obras que já estão orçadas têm que ter recursos para continuar. Mas isso não impede que as reformas sejam feitas. Pode ser combinado", concluiu Guaranys, ressaltando que essas obras terão que caber, contudo, no orçamento público, já que o teto de gastos continua.