Economia

Guaranys: população tem que entender que auxílio tem duração de três meses

"Passou isso, acabou", disse o número dois do Ministério da Economia, quando questionado sobre a possibilidade de ampliação do benefício

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, disse nesta quinta-feira (07/05) que o governo não pretende pagar o auxílio emergencial de R$ 600 por mais tempo que os três meses previstos inicialmente pelo Executivo, como vem cogitando parte da população brasileira.

Guaranys reconheceu que haverá pressão popular pela continuidade do benefício. Mas disse que a população precisa entender que os recursos que o governo está liberando através do pacote de enfrentamento ao novo coronavírus são emergenciais. E, por isso, serão interrompidos quando a pandemia acabar.

"São três meses. A pressão vai ser natural. Mas [a população] vai ter que entender. Sabemos que os recursos são importantes nesse momento de emergência. Mas não podemos manter. Essa continuidade porque não cabe [no orçamento]. Para caber, tem que refazer o orçamento, abrir espaço com outras coisas", disse o secretário-executivo do Ministério da Economia, quando questionado sobre a possível continuidade dos R$ 600 que prometem ajudar os trabalhadores informais nos três meses da pandemia do novo coronavírus.

Em entrevista ao programa Pânico da Rádio Joven Pan, Marcelo Guaranys ainda disse que "a população tem que entender que o governo está dando os recursos necessários a um momento de emergência. Mas que, passou isso, acabou, vamos voltar para o rumo normal".

O "número dois" da pasta comandada pelo ministro Paulo Guedes argumentou que, se benefícios criados por conta da pandemia do novo coronavírus se tornarem algo permanente, o impacto fiscal da crise atual vai atingir o orçamento público deste ano e também dos próximos anos. E, por isso, vão comprometer o plano de ajuste fiscal do governo e a confiança dos investidores privados na capacidade de recuperação da economia brasileira. 

"Não pode contaminar o ano que vem. O recurso do ano que vem é o que está previsto no orçamento. Se não, vai desequilibrar as contas. E, se desequilibrar, se não tiver credibilidade no país, as pessoas vão embora, o país perde a nota de crédito. Por isso, o trabalho de credibilidade é muito importante", afirmou Guaranys.

Ele lembrou que o plano do Ministério da Economia para a retomada da crise do coronavírus passa pela ampliação dos investimentos privados e das privatizações, que dependem diretamente dessa confiança dos investidores. Por isso, garantiu que, "passado esse momento, vamos voltar ao normal", com o controle dos gastos públicos e a continuidade das reformas econômicas.
 
 

Déficit

 
O governo federal calcula que o pacote de enfrentamento ao novo coronavírus pode custar R$ 1 trilhão. Só o auxílio emergencial de R$ 600 já conta com um orçamento de R$ 124,1 bilhões e, como mostrou um estudo do Senado, ainda pode demandar mais créditos extras, caso a crise econômica faça com que mais pessoas tenham direito aos benefício.

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Por conta disso, o Tesouro Nacional calcula que o déficit das contas públicas brasileiras pode chegar a R$ 600 bilhões, ou 8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, neste ano. O valor é mais de quatro vezes maior que a meta primária que deveria ser cumprida neste ano, caso o país não houvesse decretado estado de calamidade pública, que era de um déficit de R$ 123 bilhões.

No próximo ano, contudo, o governo não quer mais ter gastos extras relativos ao coronavírus, para poder voltar ao curso do ajuste fiscal. Por isso, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 prevê um déficit de R$ 149,6 bilhões para o próximo ano, apesar de a Economia admitir que o rombo ainda pode ser um pouco maior por conta da magnitude da crise atual.