O governo está demorado para liberar os recursos das medidas emergenciais no combate aos efeitos da pandemia da Covid-19, apesar de trabalhadores informais e empresas terem pressa para receberem os recursos e evitarem uma quebradeira. Conforme dados do Tesouro Nacional, a União pagou apenas 23% dos R$ 253 bilhões de gastos previstos, o que corresponde a R$ 58,6 bilhões desembolsados até ontem.
Esses dados constam no portal Tesouro Transparente, que faz o monitoramento dos gastos da União no combate à Covid-19, lançado no último dia 16. O montante pago pelo governo federal é 29,3% superior aos R$ 45,3 bilhões contabilizados na data de lançamento, quando o total de gastos previstos era de R$ 224,2 bilhões.
Conforme as informações do painel do Tesouro, o valor estimado para o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, por exemplo, passou de R$ 98 bilhões para R$ 123,92 bilhões. Até ontem, os dados do órgão mostravam que foram repassados para a Caixa Econômica Federal R$ 34,61 bilhões. Contudo, o banco depositou menos do que recebeu da União. De acordo com o último boletim da instituição, foram creditados R$ 31,3 bilhões na conta de 44,3 milhões de beneficiários.
Outro dado que mostra a lentidão da liberação de recursos são os empréstimos para pequenas e médias empresas, previstos na Medida Provisória 943, para financiamento da folha salarial. Dos R$ 34 bilhões previstos, foram pagos a metade, ou seja, R$ 17 bilhões.
“Esses recursos do BNDES foram anunciados com muito alarde pelo governo, mas, até agora, não chegaram para os empresários catarinenses”, comentou economista Lauro Mattei, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele salientou que, a partir de maio, o cenário é de aumento do desemprego diante dessa dificuldade, pois mais de 90% das empresas do estado são pequenas e médias, e praticamente nenhuma conseguiu acessar a linha do BNDES. (RH)
23%
foi quanto o Tesouro liberou para empresas e trabalhadores informais para superarem a pandemia, até ontem. De R$ 253 bilhões, saíram R$ 58,6 bilhões