Entre economistas e empresários já existe a certeza de que o número de pessoas que ainda vai pedir o seguro-desemprego, nas próximas semanas, pode ser bem maior que os 200 mil calculados pelo governo. Há até quem diga que os dados apresentados ontem, pelo Ministério da Economia, apesar de se referirem aos primeiros 45 dias da pandemia, ainda não refletem todo o impacto da Covid-19 no mercado de trabalho, pois muitas empresas só começaram a demitir nas últimas semanas. Por isso, os cálculos são de que a taxa de desemprego do Brasil pode pular dos atuais 11,6% para 14% ou até 16% neste ano.
“Os dados impressionam pelo não aumento em relação ao ano passado, pois sabemos que esta é uma crise que vai afetar o mercado de trabalho”, disse Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre.
Segundo a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, “esses números não fazem muito sentido, porque as unidades do Sine (Sistema Nacional de Emprego) estão fechadas desde a segunda quinzena de março”.
“Muitas solicitações podem ter ficado represadas por conta disso. Então, eu compatibilizaria um represamento de 250 mil a 300 mil só em março”.
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, diz que o número de pedidos de seguro-desemprego deste ano preocupa muito mais do que o registrado em 2019, mesmo com o governo dizendo que o aumento não é explosivo. “Ano passado, parte das demissões foi compensada por novas contratações. Mas, agora, o pedido se seguro-desemprego aumenta e não há contratações”, afirmou. (MB)