Economia

Tesouro diz que pagou R$ 58,6 bilhões no combate à Covid-19

Valor responde por 23% do total previsto com medidas emergenciais, de R$ 253 bilhões, e é 29,3% superior ao registrado no lançamento do painel de monitoramento há menos de duas semanas

O governo está demorado para liberar os recursos das medidas emergenciais no combate aos efeitos da pandemia da Covid-19, apesar de trabalhadores informais e empresas terem pressa para receberem os recursos e evitarem uma quebradeira. Conforme dados do Tesouro Nacional, a União pagou apenas 23% dos R$ 253 bilhões de gastos previstos, o que corresponde a R$ 58,6 bilhões desembolsados até esta terça-feira (28/04).

Esses dados constam no portal Tesouro Transparente, que faz o monitoramento dos gastos da União no combate à Covid-19, lançado no último dia 16. Os números são atualizados diariamente e podem ser acessados no endereço: https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-de-monitoramentos-dos-gastos-com-covid-19 . O montante pago pelo governo federal é 29,3% superior aos R$ 45,3 bilhões contabilizados na data de lançamento, quando o total de gastos previstos era de R$ 224,2 bilhões.

Conforme as informações do painel do Tesouro, o valor estimado para o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600, por exemplo, passou de R$ 98 bilhões para R$ 123,92 bilhões. Até hoje, os dados do órgão mostram que foram repassados para a Caixa Econômica Federal R$ 34,61 bilhões. Contudo, o banco depositou menos do que recebeu da União. De acordo com o último boletim da instituição, foram creditados R$ 31,3 bilhões na conta de 44,3 milhões de beneficiários.

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Outro dado que mostra a lentidão da liberação de recursos são os empréstimos para pequenas e médias empresas, previstos na Medida Provisória 943, para financiamento da folha salarial. Dos R$ 34 bilhões de recursos do Tesouro previstos, foram pagos a metade, ou seja, R$ 17 bilhões. Mesmo valor que constava no primeiro dia do painel e isso não significa que as empresas tomaram esses recursos, porque o valor “é referente ao repasse feito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que deverá conceder o crédito às empresas”, segundo Ministério da Economia. A MP 943 prevê taxas de juros de até 3,75% ao ano com prazos de carência de seis meses, com amortização em 30 meses. 

"Esses recursos do BNDES foram anunciados com muito alarde pelo governo, mas, até até agora, não chegaram para os empresários catarinenses", comentou economista Lauro Mattei, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ele informou que, a partir de maio, o cenário é de aumento do desemprego diante dessa dificuldade, pois mais de 90% das empresas do estado são pequenas e médias e praticamente nenhuma delas conseguiu acessar a linha do BNDES. "Vamos ver um aumento expressivo de demissões no próximo mês, porque essas firmas não tem como financiar o pagamento dos funcionários", lamentou.