Um ano depois, o governo federal ensaiou uma jogada com os ministérios da Saúde e da Economia para que os clubes entrem em campo o mais rapidamente possível. O presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que foi procurado por algumas autoridades de futebol para liberação dos jogos. Em videoconferência realizada ontem com os clubes, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, negou pressão sobre o governo. O Correio apurou que a movimentação partiu de dirigentes de federações e de clubes que disputam campeonatos estaduais.
O governo federal não acena com apoio financeiro para ajudar a amenizar o impacto da pandemia do novo coronavírus nas contas dos clubes. A reportagem entrou em contato com a Caixa a fim de saber se há algum plano emergencial direcionado aos times. A resposta do banco é não. Em 2018, último ano do apoio, houve aplicação de R$ 192 milhões.
Determinado a ver os times em campo, Bolsonaro comprou briga com a CBF quando a entidade anunciou a paralisação do futebol. Classificou a medida como “histeria”. Ontem, reforçou a opinião. “Flamengo e Palmeiras têm folha próxima de R$ 15 milhões, times de segunda divisão, uma parte vai ser extinta, pelo que me consta já estão fazendo acordos para jogador ganhar 60%, 50%, 40% do que recebem, não tem receita, bilheteria, televisão”, disse na saída do Palácio do Planalto.
Mais cedo, o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, havia prometido o retorno do futebol. “Isso será em breve”, prometeu.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, também tocou no assunto. “Há pedidos para a gente avaliar o retorno dos jogos da CBF sem público. É uma coisa que a gente está avaliando”, disse. O secretário especial de Esporte, Marcelo Magalhães, também faz parte da negociação.
Resistência
Bolsonaro citou uma conversa com um técnico de futebol para sustentar o argumento de que a bola precisa voltar a rolar. “Ele foi favorável a não ter (jogos), porque a contaminação acontece no vestiário. Agora, é favorável (ao retorno). É só não deixar tanta gente no vestiário”, disse o presidente.A tática de Bolsonaro esbarra nos governadores dos principais centros do futebol do país. João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witsel (PSC-RJ) são adversários políticos do presidente. Para completar, Bolsonaro desgastou-se com a CBF quando a entidade anunciou a paralisação. “Proibir jogo de futebol é histerismo”. A CBF disse ontem aos clubes que não colocará a economia à frente de questões sanitárias.