Além de amplamente criticada pela equipe econômica do governo, a possibilidade de taxar grandes fortunas e aumentar cobranças sobre empresas preocupa especialistas. A consultora econômica Zeina Latif alerta para o perigo de debater “puxadinhos” na legislação tributária durante a crise. As iniciativas, segundo ela, podem gerar fuga de recursos. Ou seja, podem fazer investidores saírem do país, pela alta carga de impostos.
“Acho que isso não deveria ser colocado como opção. O Brasil precisa de reforma tributária. Ponto final. Ao mexer nisso corre-se risco de piorar essa coisa disfuncional que tem hoje no sistema tributário”, afirma Latif. Na visão dela, como a capacidade arrecadatória já é baixa, “se calibra mal, acaba desestimulando investimentos no país”, o que já é um problema observado atualmente.
Para a economista, o melhor caminho é pelo lado das despesas, ou pela sinalização de que as contas públicas poderão ser sustentáveis. “Não é pelo lado da arrecadação. Não tem espaço para cortar despesas, mas agora seria importante ir na direção correta. Pensar em uma reforma administrativa ou encaminhar propostas já em andamento, que criam gatilhos para suspender, por exemplo, aumentos de salários de servidores e cortes de benefícios”, considera.
O economista e consultor Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central, não vê necessidade de discutir a taxação de grandes fortunas e lembra que sequer é possível saber o tamanho do impacto da crise do novo coronavírus nas contas públicas. “Tem que saber como vai ser a retomada da economia depois de passada a crise recessiva. Pode ser muito robusta. É muito prematuro pensar em taxar fortunas.”
“Não tem espaço para cortar despesas, mas agora seria importante ir na direção correta. Pensar em uma reforma administrativa ou encaminhar propostas já em andamento, que criam gatilhos para suspender, por exemplo, aumentos de salários de servidores e cortes de benefícios”
Zeina Latif, consultora econômica