O Congresso dos EUA aprovou na quinta-feira (23/4) um plano de ajuda à economia e aos hospitais para enfrentar a pandemia, que já causou mais de 50 mil mortes e 26 milhões de dólares nos Estados Unidos, onde cresce o debate sobre o confinamento.
Apesar dos pedidos de cautela, alguns estados, como Texas, Vermont e Geórgia, decidiram retomar algumas atividades.
O plano de US$ 483 bilhões foi adotado por 388 votos a favor, cinco contra e uma abstenção, e deve ser promulgado pelo presidente Donald Trump "provavelmente esta noite", disse nesta sexta-feira (24/4) em sua coletiva de imprensa diária.
O projeto já passou pelo Senado e foi aprovado em uma sessão marcada pelo distanciamento social e pelas medidas de saúde para impedir a propagação do vírus, que deixou mais de 49.000 mortos nos Estados Unidos.
O novo pacote de ajuda inclui US$ 320 bilhões em empréstimos a pequenas e médias empresas, duramente atingidas pela crise da Covid-19, a fim de manter seus funcionários.
Um primeiro plano recebeu fortes críticas porque incluía as grandes empresas. Desta vez, consiste em medidas que beneficiarão empresas menores, que nem sempre têm relações com os bancos.
Também foram incluídos US$ 60 bilhões em assistência a outros setores afetados, como o agrícola, US$ 75 bilhões em hospitais e US$ 25 bilhões para fortalecer a realização de testes, uma medida considerada fundamental para permitir a retomada da atividade econômica.
Trump, que disputará um segundo mandato presidencial em novembro, fez do bom andamento da economia americana um de seus principais argumentos de campanha.
No entanto, desde março, não é a economia que está crescendo mas o número de desempregados, que aumenta a um ritmo recorde.
Em cinco semanas, mais de 26 milhões de pessoas perderam seus postos de trabalho ou viram sua atividade desaparecer, segundo dados publicados na quinta-feira pelo Departamento do Trabalho.
Na semana passada, 4,42 milhões de pessoas solicitaram um subsídio de desemprego.
Trump "descontente"
Donald Trump está ansioso para retomar a economia americana, mas os governadores dos 50 estados se mostram divididos com relação às medidas a serem tomadas.
Alguns não esperaram para permitir que as empresas voltem a funcionar, em momentos em que se multiplicam os protestos contra um retorno à normalidade, apesar das advertências dos cientistas.
Na Geórgia, um pequeno estado do sudeste, cabeleireiros, salões de beleza e de estúdios de tatuagem, entre outros, poderão reabrir nesta sexta-feira.
Na próxima segunda-feira, será a vez dos cinemas e restaurantes, sujeitos a regras rigorosas de distanciamento social e limpeza.
Na Flórida, as praias poderão ser desfrutadas novamente a partir de domingo, e certas atividades foram cuidadosamente reiniciadas na segunda-feira no Texas e em Vermont.
"Não estou contente com Brian Kemp", o governador da Geórgia, comentou o presidente Trump.
Embora o presidente tenha pedido desde a semana passada um "relançamento" da atividade nos Estados Unidos, a Casa Branca recomenda que os estados que decidirem relaxar as restrições registrem pelo menos 14 dias de queda dos contágios, o que não ocorreu na Geórgia.
O presidente, no entanto, se mostrou otimista com a evolução da epidemia e destacou que "46 estados registraram uma redução no número de pacientes que apresentavam sintomas de coronavírus".
"Estamos muito perto de uma vacina", acrescentou.
Andrew Cuomo, governador democrata do estado de Nova York, epicentro da pandemia nos Estados Unidos, pediu por sua vez uma atitude de prudência.
"Entendo a pressão" que os governadores podem sentir para relaxar as regras, disse, rejeitando categoricamente o argumento de que a paralisia econômica e o confinamento são piores do que o risco de ver a epidemia se espalhar.
Com mais de 49 mil mortos e 870 mil casos, Estados Unidos é o país mais afetado pela pandemia.