O Ministério da Cidadania informou, na quinta-feira (23/4), a necessidade de R$ 25,72 bilhões adicionais para garantir o pagamento a todos os beneficiários, mas o valor pode ser ainda maior porque os pedidos dos trabalhadores informais pelo auxílio de R$ 600 não param de chegar. A suplementação precisa vir do Ministério da Economia para destravar os pagamentos.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o Tesouro Nacional avisou na quarta-feira que não havia a suplementação necessária no Orçamento, e a Caixa teve de recuar. Técnicos do Ministério da Economia alertaram que qualquer pagamento do benefício pelo banco sem o dinheiro no caixa seria uma "superpedalada", o que seria "pego" pela fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU).
Guerra política
O anúncio da antecipação e o posterior recuo do governo, porém, se transformaram em um cabo de guerra político. Segundo apurou a reportagem, a ideia partiu do presidente da Caixa, Pedro Guimarães.Saiba Mais
O alerta da impossibilidade dos pagamentos veio da Controladoria-Geral da União (CGU), órgão do próprio Poder Executivo. Dos R$ 32,7 bilhões previstos para a primeira parcela, R$ 31,3 bilhões já foram transferidos e ainda há 12 milhões de pedidos pendentes de análise. A antecipação da segunda prestação sem conhecimento do real tamanho do universo de beneficiários poderia comprometer as contas e violar a legislação. O orçamento total para o auxílio hoje é de R$ 98,2 bilhões.
Na quinta, Guimarães disse que o governo não vai fazer "nenhuma maluquice" de pagar o benefício sem ter os recursos. "Precisa de poucos dias, está praticamente resolvido, para que tenha uma complementação, ou seja, vai aumentar o valor do orçamento", disse, em live, do lado do presidente Jair Bolsonaro. Segundo apurou a reportagem, Guimarães pressiona pelos recursos, jogando no colo do ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, a responsabilidade pela "trapalhada". Foi a pasta que comunicou o recuo na decisão de antecipar a segunda parcela.