Ao longo de abril, esse estoque de moeda estrangeira continua encolhendo apenas para enxugar gelo, pois o dólar continua forte e caminha para R$ 5,70 com a saída do ministro da Justiça, Sergio Moro, em um claro desmantelamento das bases que sustentam o presidente Jair Bolsonaro no poder. No último dia 22, estava em US$ 340,5 bilhões, patamar parecido com o registrado em julho de 2011 e que vem sendo mantido desde o último dia 3 de abril com poucas variações.
De acordo com o relatório do BC, o resultado de março foi decorrente da liquidação de US$ 22,5 bilhões em intervenções no mercado de câmbio, compostas por US$ 10,7 bilhões em vendas à vista, US$ 7,7 bilhões de concessões líquidas em linhas com recompra e US$ 4,2 bilhões em concessões líquidas nas operações compromissadas em moeda estrangeira. Em contrapartida, os ganhos com a valorização da moeda norte-americana frente ao real e a receita com juros ajudaram a elevar o estoque de reservas em US$ 2,7 bilhões e em US$ 568 milhões, respectivamente.
Deficit em transações correntes
As trocas do Brasil com o resto do mundo ficaram negativas no trimestre. O deficit nas transações correntes no primeiro trimestre do ano somou US$ 15,2 bilhões, dado praticamente estável se comparado com o saldo negativo de US$ 15 bilhões computado entre janeiro e março de 2019. No mês passado, o resultado foi positivo em R$ 868 milhões. Foi o primeiro superavit mensal computado pelo BC desde junho de 2017, de US$431 milhões. De acordo com o BC, a mudança no sinal das transações correntes decorreu, principalmente, “do recuo do deficit na renda primária, US$ 2,7 bilhões, e do aumento de US$ 360 milhões no superávit da balança comercial”.
No acumulado em 12 meses encerrados em março, o saldo negativo de transações correntes somou US$ 49,7 bilhões, o equivalente a 2,80% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse dado foi 6,6% menor do que o deficit de US$ 53,2 bilhões ( 2,96% do PIB), registrado no acumulado até fevereiro de 2020.