Após anunciar que iria antecipar o pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 para esta quinta-feira (23/4) e depois voltar atrás, o governo federal agora não sabe quando irá pagar a segunda parte do benefício. Em entrevista à TV Band no início da noite, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, informou que o calendário para a segunda parcela será alterado e anunciado no início da próxima semana. Até então, esse pagamento seria iniciado no dia 15 de maio.
Conforme o ministro, a demanda pelo auxílio é muito maior que o esperado. Até o momento, o governo federal ainda não terminou de pagar a primeira parcela de todos que solicitaram o benefício e foram aprovados após análise da Dataprev. “Fomos obrigados no dia de ontem a pedir uma suplementação de crédito extraordinário para o Ministério da Economia para permitir completar o pagamento da primeira parcela”, disse.
Ao cancelar a antecipação da segunda parcela, o Ministério já havia dito em nota que precisaria de crédito extra para conseguir cumprir com o compromisso. Onyx afirmou durante a entrevista que espera conseguir R$ 25 bilhões em crédito para completar o pagamento da primeira parcela e fazer o calendário da segunda.
O pagamento foi adiado porque o volume de trabalhadores que têm direito ao auxílio superou as expectativas do governo, forçando o Executivo a ampliar o orçamento. Conforme dados da Caixa Econômica Federal (CEF), 45,9 milhões de trabalhadores já solicitaram o benefício. Entretanto, o governo percebeu mais 51 milhões de brasileiros do CadÚnico e do Bolsa Família com direito ao auxílio. O total de contemplados pelo programa vai, portanto, superar e muito a previsão inicial do governo, que era de 54 milhões de trabalhadores. Por isso, o orçamento de R$ 98,2 bilhões também precisará ser ampliado.
Mais cedo, o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, afirmou em live realizada pelo site Uol que o Ministério da Cidadania já estava fazendo o cálculo de quanto será preciso liberar de crédito suplementar para que o benefício emergencial seja pago a todos que têm direito. A intenção, segundo ele, é resolver ainda nesta semana o impasse que impediu o pagamento da segunda parcela nesta quinta-feira.
"Se tem mais gente para receber, não posso fazer com o orçamento que tinha antes. Preciso de mais dinheiro. O auxílio emergencial vai ser pago, mas precisa orçamentar isso primeiro", disse. O valor acumulado da liberação de recursos (tanto da população do Bolsa Família, CadÚnico, quanto os que fizeram cadastro pelo aplicativo ou site) chegou a R$ 23,5 bilhões, segundo a CEF.
Promessa
Na última segunda-feira, ao lado de Onyx Lorenzoni, o presidente da CEF,
Pedro Guimarães, anunciou a antecipação da segunda parcela do auxílio a partir desta quinta-feira. Na última quarta-feira (22) à noite, entretanto, às 20h49, o Ministério da Cidadania divulgou nota informando que o pagamento não seria feito por falta de recurso.
O anúncio gerou inclusive um desconforto no Planalto, quando o presidente Jair Bolsonaro, em resposta a um comentário em sua página do Facebook, disse que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, anunciou a antecipação sem estar autorizado.
“Nada foi cancelado. Um ministro anunciou sem estar autorizado, que iria antecipar a segunda parcela. Primeiro se deve pagar a todos a primeira parcela, depois o dinheiro depende de crédito suplementar já que ultrapassou em quase 10 milhões o número de requerentes. Tudo será pago no planejado pela Caixa", escreveu Bolsonaro.
No momento em que anunciaram a antecipação, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, o presidente Caixa chegou a dizer que a capacidade de pagamento estava maior do que velocidade da análise dos cadastros, por isso iriam antecipar a segunda parcela.