Economia

Cepal prevê a maior crise da AL

 
A pandemia do novo coronavírus vai provocar a maior crise econômica e social da história da América Latina. A previsão é da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que projeta queda de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da região neste ano, além de pioras expressivas no nível de emprego e pobreza local, em virtude da Covid-19.
 
“Para encontrar uma contração de magnitude comparável, é necessário voltar à Grande Depressão de 1930 (-5%) ou até mais, até 1914 (-4,9%)”, diz a Cepal, que projeta queda semelhante para o PIB do Brasil em 2020: 5,2%.
 
Relatório divulgado ontem pela Comissão diz que a pandemia impacta a economia da América Latina de diversas formas. O primeiro e, possivelmente, o mais forte impacto, vem do comércio exterior: o fluxo global de comércio deve cair 13% neste ano, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). E os países da região são grandes exportadores de matéria-prima para alguns dos países mais afetados pela pandemia, como a China e os Estados Unidos. A Cepal calcula que as exportações vão cair 15% neste ano, devido à redução de 8,8% dos preços internacionais dos produtos exportados pela região e pela contração de 6% do volume demandado pelo resto do mundo.
 
A crise ainda tem uma agravante: o fato de que a economia regional já estava fragilizada. A Cepal estima que a taxa de crescimento do PIB da América Latina caiu de 6% para 0,2%, entre 2010 e 2019. Por isso, calcula que, enquanto o PIB mundial vai cair 2% em 2020, da AL vai contrair 5,3% em virtude da Covid-19.
 
Por isso, a Cepal também estima que a taxa de desemprego da região vai subir 3,4 pontos percentuais neste ano, passando de 8,1% para 11,5%. Significa que 11,6 milhões de pessoas podem entrar na fila do desemprego na América Latina, elevando de 26,1 milhões para 37,7 milhões o total de pessoas que não têm trabalho na região.
 
Segundo a Cepal, o Brasil terá o quarto pior desempenho econômico entre os países da América do Sul em 2020, perdendo apenas para a Venezuela (-18% do PIB), o Equador (-6,5%) e a Argentina (-6,5%). (MB)
 
5,3% é quanto a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe estima a queda do PIB da região em 2020