Economia

Economia decide adotar meta fiscal flexível para 2021

Correio Braziliense
postado em 15/04/2020 07:02
Com as incertezas provocadas pela pandemia da covid-19, o governo federal decidiu adotar uma meta fiscal flexível para o resultado das contas públicas em 2021. O desenho foi feito com uma espécie de "amortecedor" das variáveis econômicas, principalmente do Produto Interno Bruto (PIB). A proposta vai constar no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, que será enviado nesta quarta-feira, 15, ao Congresso Nacional. Essa lei lança os principais parâmetros para a elaboração do Orçamento do ano que vem. Uma fonte da equipe econômica explicou ao jornal O Estado de S. Paulo que o governo não pode perder a sua principal referência para a política fiscal - a meta de resultado primário, que é calculada a partir da projeção de receitas e de despesas. No entanto, num momento em que não há consenso sobre o ritmo de recuperação da economia após o choque da pandemia do novo coronavírus, a equipe econômica teve de desenhar um modelo que não deixe a gestão fiscal "amarrada" a cenários macroeconômicos que nem os maiores especialistas conseguem estabelecer com um mínimo de segurança. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, haverá um número de referência para o resultado primário, que deve ser de um déficit de R$ 150 bilhões aproximadamente. Porém, esse número não será relevante como meta. Ele será incluído para que seja possível lançar as bases para a fixação de receitas e despesas. A intenção do governo, porém, é apresentar atenuantes no texto e no discurso de apresentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, além de diferentes cenários que indiquem desde já os impactos nas contas em caso de resultados distintos nas variáveis macroeconômicas, sobretudo o PIB. Projeções Nesse mesmo cenário de "referência", segundo apurou a reportagem, a expectativa para o crescimento do PIB no próximo ano deve ser superior a 3%. A avaliação da equipe econômica é de que a base mais fraca em 2020 deve proporcionar um resultado melhor no ano que vem. Para este ano, o governo federal ainda espera oficialmente alta de 0,02%, mas as projeções do mercado financeiro compiladas pelo Boletim Focus já apontam retração média de 1,96%. Nos últimos dias, o Banco Mundial divulgou estimativa de queda de 5% para o PIB brasileiro este ano, enquanto o Fundo Monetário Internacional fala em baixa de 5,3% - resultados que, se confirmados, seriam os piores para o País em 120 anos. Com tantas incertezas, explicou a fonte da equipe econômica, fixar um número é algo agora muito complicado. Estabelecer uma "banda" de flutuação para a meta também é difícil nesse cenário. "Imagina a largura desta banda para comportar todas estas estimativas", afirmou. A avaliação é de que os resultados de 2021 vão depender da arrecadação e também da reação do País - se a necessidade de isolamento for maior ou se a crise de saúde for embora mais rápido. Segundo outra fonte da área econômica, escolher uma meta agora seria "muito arriscado", mas o importante é "não perder a âncora fiscal". O teto de gastos, mecanismo que limita o avanço das despesas à inflação, será mantido e seguirá cumprindo seu papel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags