A pandemia do novo coronavírus provocou um impacto considerado por muitos sem precedentes na economia brasileira. Os efeitos da Covid-19 ainda estão em curso e vão durar muitos meses; exigiram ações emergenciais de prefeitos, governadores e da União, além de transformar completamente a rotina de empresas de todos os setores. Nas últimas semanas, o governo federal anunciou um conjunto de medidas para, simultaneamente, ajudar a população de baixa renda, regular as negociações entre empregadores e empregados e adaptar serviços públicos ao cidadão.
Entre os milhões de brasileiros afetados pela pandemia de coronavírus, pobres e idosos são os mais vulneráveis e, ao mesmo tempo, os que mais têm dificuldade para seguir a principal recomendação das autoridades competentes: de ficar o máximo possível em casa. Para garantir que eles tenham condições de se sustentar e que as empresas não precisem fechar as portas, o Ministério da Economia anunciou, até agora, a liberação de R$ 1,2 trilhão.
O governo também conta com a ajuda da iniciativa privada, representada pelos bancos, que aumentaram oferta de crédito e facilitaram pagamentos de dívidas. O auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores informais, que será pago a 54 milhões de pessoas, é um dos focos da força-tarefa da União. Mas há outras ações, como antecipação de benefícios, facilitação para obter crédito e isenção de pagamento da conta de luz. O Correio reuniu as medidas mais importantes que afetam o bolso do brasileiro em tempos de coronavírus. As mudanças incluem suspensão do pagamento de prestações da casa própria, extensão do prazo de entrega da declaração de Imposto de Renda, redução da taxa de juros do cartão de crédito. Veja na cartilha ao lado as principais alterações.
Apesar das ações emergenciais, é grande a preocupação com a saúde da economia brasileira, ainda recuperando-se de uma recessão profunda. Muito se fala da situação dos trabalhadores, mas há também receio em relação aos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), parcela da população da qual fazem parte muitos brasileiros do grupo de risco da doença. Para aposentados e pensionistas, o governo antecipou o pagamento do 13º salário. Mas ainda há problemas a resolver. Muitos dependem, por exemplo, do Benefício de Prestação Continuada (BPC), um salário mínimo (R$ 1.045) que o governo paga a idosos e deficientes de baixa renda. A lista de espera, nesses casos, chega a 11 meses. O governo anunciou que vai pagar R$ 600 mensais a quem está na fila pelo BPC, por três meses.
O esforço do governo é importante. A falta de perspectivas quanto ao cenário econômico e a curta duração das medidas, entretanto, preocupam empresas. “Mesmo que (a crise) acabe rápido, os bancos já preveem aumento do risco lá na frente, com as famílias sem emprego e as empresas sem necessidade de crédito, porque muitas fecharão as portas”, avalia o economista-chefe da INVX Global, Eduardo Velho. O emprego tende a cair, e os mais prejudicados, segundo ele, serão comércio, serviço e indústria.