A permissão para que o BC faça esses investimentos está sendo discutida dentro da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do chamado "orçamento de guerra", que cria um orçamento paralelo, com recursos exclusivos para o enfrentamento da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. O texto deve ser analisado pelo Senado na segunda-feira.
Pela proposta, o BC poderia comprar títulos e carteiras de crédito diretamente das empresas, sem passar pelo sistema bancário. O argumento do Banco Central é que essa seria mais uma ferramenta para permitir a injeção de recursos em empresas que enfrentam dificuldades financeiras durante a crise. Nesta semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, estimou que a instituição tem potencial para comprar até R$ 972 bilhões nesse tipo de operação.
Por exemplo: uma varejista poderia vender ao BC os empréstimos dos seus clientes, sem ter bancos como intermediários. Caso ganhe carta branca, a autoridade monetária se alinhará a outros países no mundo, como os Estados Unidos, onde a prática já é utilizada pelo Fed, o BC norte-americano.
Os senadores querem, porém, colocar algumas condições. Além de proibir a demissão, propõem que a empresa beneficiada pague dividendos acima do mínimo obrigatório, seja proibida de recomprar ações próprias e de dar aumento a dirigentes, incluindo bônus, participação nos lucros e incentivos ao desempenho.
Saiba Mais
Os senadores avisaram Campos Neto que vão alterar a PEC no trecho que dá poder de fogo à instituição, mesmo que essa parte da PEC tenha que voltar à Câmara. Só seria promulgado o restante da PEC, em que há consenso. No gabinete do relator, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), o recado dado a técnicos é que o trecho do novo arsenal será mantido, porém, com redução em "excessos" apontados pelo Senado.
Pelo texto da PEC aprovada na Câmara, o presidente do BC prestará contas ao Congresso a cada 45 dias sobre o conjunto das operações realizadas. No Senado, esse ponto poderá ser alterado obrigando o BC a pedir autorização prévia por lotes de transações aos parlamentares. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.