A Caixa Econômica Federal estima criar contas de poupança digitais para 30 milhões de trabalhadores informais que pedirem o auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do coronavírus no país. Até ontem, 12,6 milhões solicitaram o serviço, por não terem contas na Caixa ou no Banco do Brasil (BB), exigência para os repasses. O número equivale a 40,1% dos 31,5 milhões que já se registraram para receber o benefício, de acordo com o último balanço divulgado pela Caixa, às 18h de ontem.
As contas serão criadas gratuitamente, sem necessidade de ir às agências bancárias. Durante o cadastro no site ou no aplicativo, depois de informar todos os dados exigidos no sistema, o candidato precisa escolher entre as duas opções que aparecem na tela: depósito em alguma conta já existente, da Caixa ou do BB, seja corrente ou de poupança; ou a criação de uma nova. Caso o trabalhador selecione a segunda alternativa, todo o procedimento será feito pela Caixa de forma automática, com base nos dados informados anteriormente.
O único grupo que não precisa ter ou criar uma conta são os beneficiários do Bolsa Família, que vão receber o auxílio com base nas mesmas regras adotadas atualmente no programa de transferência de renda do governo federal. As datas de depósito também serão iguais, sempre nos últimos 10 dias do mês. As três parcelas de R$ 600 serão pagas a partir de 16 de abril, maio e junho. Quem recebe Bolsa Família, portanto, não precisa fazer nada, nem se cadastrar no novo sistema. Basta verificar se o dinheiro caiu na conta.
A conta poupança social será criada de graça pela Caixa, que também não vai cobrar nenhum tipo de taxa para que ela seja movimentada. A maioria dos serviços poderá ser feita pela internet, sem necessidade de sair de casa. Estão na lista transferências, depósitos e pagamentos. O único caso que precisará ser resolvido de forma presencial será o saque. Mas essa operação ainda não está permitida, para evitar aglomerações. Não adianta, portanto, ir às agências. O governo deve divulgar, nesta semana, quando os beneficiários poderão retirar o dinheiro em espécie.
A Caixa recomenda que os trabalhadores que têm direito ao auxílio só saiam de casa se for extremamente necessário. O mesmo vale para quem pediu o benefício e precisa saber se foi aceito ou não. Nesse caso, basta acessar o mesmo site ou o aplicativo usado para o cadastro para verificar o resultado. O governo tem até cinco dias úteis para responder, depois que a pessoa envia as informações. O tempo é necessário para conferência dos dados informados na hora do registro.
Até ontem, o site e o aplicativo da Caixa tinham sido acessados 271,6 milhões de vezes. A central de atendimento pelo telefone, disponível pelo número 111, recebeu 8,6 milhões de ligações desde quarta-feira, sendo 1,8 milhão só ontem. O aplicativo foi baixado 31,8 milhões de vezes até agora. A maioria dos downloads, 30,6 milhões, foram pelo sistema operacional Android. O restante, 1,2 milhão, pelo iOS, do iPhone.
Pagamentos
A Caixa começou a pagar os benefícios na última quinta-feira. Cerca de 2,5 milhões de trabalhadores receberam a primeira das três parcelas. Os depósitos somam R$ 1,5 bilhão. Ao fim do período de duração do programa, o auxílio chegará a 54 milhões de pessoas e custará R$ 98 bilhões, pelos cálculos do governo. Até agora, o dinheiro só entrou na conta de quem está no Cadastro Único do governo, mas não recebe Bolsa Família.
O governo garante que não vai cobrar nenhum imposto sobre o valor. O dinheiro também não poderá ser usado pelos bancos para pagar dívidas anteriores, como cheque especial, ou para o pagamento de tarifas. A Caixa reafirmou o compromisso ontem e disse que, até agora, não recebeu nenhuma reclamação sobre eventuais descontos no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). Quem passar pela situação deve ligar para o número 0800 726 0101, de graça.