Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 06:00
O auxílio emergencial de R$ 600 mensais a trabalhadores informais começa a ser pago hoje às pessoas que preenchem os requisitos e já estão no Cadastro Único (CadÚnico) para programas sociais do governo federal, mas não são beneficiárias do Bolsa Família. Os outros grupos que têm direito ao repasse começam a receber as parcelas na semana que vem. Com a medida, que vai durar três meses, será possível garantir uma renda mínima a brasileiros mais vulneráveis ao surto de coronavírus no país.A prioridade de pagamento será para quem, além de fazer parte do Cadastro Único, tem conta no Banco do Brasil ou na Caixa. Segundo o governo, a primeira leva é de 6 milhões de pessoas. Os trabalhadores que já fazem parte do banco de dados, mas não têm conta, mesmo que não recebam Bolsa Família, só terão acesso ao benefício a partir da próxima terça-feira. Nesses casos, a Caixa vai criar uma poupança digital para os que cumprirem as exigências para receber o auxílio.
Beneficiários do Bolsa Família vão receber o auxílio nos últimos 10 dias de abril, de acordo com o calendário que já é adotado no programa. Esse grupo não precisa se inscrever no site ou no aplicativo, porque terá o dinheiro depositado automaticamente. Também não têm necessidade de acessar o programa Microempreendedores Individuais (MEIs) e contribuintes individuais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que preenchem os requisitos de idade e renda exigidos pelo governo.
Apesar de o governo ainda não ter depositado o dinheiro, as pessoas já começaram a fazer filas nas agências da Caixa ontem. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, disse que nem todos precisam ir presencialmente às agências. “A Caixa tem um aplicativo, que é bem simples, como se fosse conversa de WhatsApp. Ali, as pessoas vão poder pagar boleto e transferir dinheiro”, explicou, em entrevista à TV Band. Quem quiser pode depositar o valor na conta de outro banco e sacar em caixa eletrônico, por exemplo, sem custo nenhum.
Registros
O sistema começou a funcionar na terça-feira e, até as 16h de ontem, teve 186 milhões de acessos. No total, mais de 27 milhões de pessoas enviaram os registros e, agora, esperam a resposta do governo, que pode demorar até cinco dias úteis. A Caixa recebeu 62 milhões de mensagens de texto no número disponibilizado nesta terça, além de 3,3 milhões de ligações na central de atendimento, sendo 2,5 milhões ontem. O telefone é 111 e pode ser usado para tirar dúvidas sobre o programa.Para receber o auxílio, é preciso ter mais de 18 anos, não ter emprego formal e não receber nenhum benefício do governo, além do Bolsa Família. Quem tem aposentadoria, seguro-desemprego ou pensão, por exemplo, está de fora. A renda mensal deve ser de até meio salário mínimo (R$ 522,50) por integrante da família ou, se somados todos os rendimentos do núcleo familiar, de até três salários mínimos (R$ 3.135 reais). Além disso, não pode ter recebido, em 2018, rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70.
O economista Bruno Ottoni, da consultoria IDados, acredita que o valor proposto, de R$ 600 — que pode ser dobrado para mães chefes de família — é razoável diante da possibilidade orçamentária do governo. “É bom lembrar que esse é o valor líquido, não há desconto de imposto”, ressaltou. Agora, segundo ele, o importante é ficar atento ao resultado. “É preciso ver se será possível, realmente, atingir todos os que têm direito e se a população ficará satisfeita com o modelo”, disse.
Na avaliação do economista Marcelo Neri, diretor do FGV-Social, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o governo foi lento em anunciar a liberação dos recursos, mas acabou surpreendendo de forma positiva com a ferramenta para o cadastramentos das pessoas que estavam fora dos programas de assistência social. “O volume de pessoas que estão sendo cadastradas é grande, e, portanto, há um risco de o sistema não conseguir processar tanta gente. Não sei até que ponto a questão operacional vai funcionar, uma vez que ainda existe fila no Bolsa Família”, pontuou.
A Receita Federal orientou os trabalhadores a regularizarem o CPF antes de tentar acessar o aplicativo, que, em alguns momentos, teve instabilidade. Se, em uma segunda tentativa, não conseguir fazer o cadastro por pendência no CPF, a recomendação é entrar no site da Receita e verificar se ele está regular. “Caso o cidadão confirme que tenha a necessidade de regularização de dados do CPF, esse poderá ser realizado de forma on-line e gratuita pelo site da Receita”, disse, em nota.
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