Questionado sobre o impacto do coronavírus na economia brasileira em live promovida pelo Credit Suisse nesta quarta-feira, Campos Neto afirmou que ainda é muito difícil quantificar essa crise, porque "ninguém sabe muito bem como será a curva brasileira". Ele ainda disse que o impacto no PIB "depende muito de quanto tempo vai durar esse distanciamento social". Mas reconheceu que o mercado está certo ao prever um PIB negativo.
"Vai ter crescimento negativo. É quase certo isso", afirmou Campos Neto.
Ele ainda disse que as próximas duas semanas devem ser fundamentais para analisar o comportamento da Covid-19 no Brasil e o seu impacto na economia. Mas lembrou que já é grande o estrago no setor de serviços, que corresponde a 63% da economia brasileira e ajudou a puxar o PIB nos últimos anos. Testes setoriais do BC, realizados antes do fechamento do comércio, já indicavam que 37% dos serviços brasileiros seriam impactos fortemente pelas medidas de distanciamento social.
Reformas
Roberto Campos Neto acredita, por sua vez, que a aprovação de reformas econômicas pode contribuir e até acelerar a recuperação da economia brasileira depois desse momento de pandemia. "É o que vai determinar o
formato da nossa recuperação", afirmou, pedindo, então, que esse momento seja encarado como uma oportunidade de fazer reformas.
"Vamos transformar a crise em uma oportunidade de avançar com as reformas. Óbvio que entendemos que o momento agora é do pacote de crise. Mas a diferença de fazer reformas é o formato da recuperação. Podemos ter uma recuperação mais forte. Então, que a crise nos ajude a colocar dispotivios permamentes de melhora, mais sólidos", afirmou.
Saiba Mais
Na visão do governo, as reformas podem ajudar nesse sentido, pois retomam o caminho fiscal que estava sendo desenhado antes da Covid-19 e podem contribuir com a rearrumação do quadro fiscal nos próximos anos. "É a diferença de como vai ser a nossa volta", reforçou Campos Neto, frisando que o Congresso Nacional parece disposto a avançar com essa agenda. "Há ruido porque é uma democracia. Mas a conversa com os parlamentares tem sido boa. [...] O Congresso tem ajudado e tem sido reformista", concluiu.