Economia

Ibovespa fecha em alta, mas ameniza ganhos com possível saída de Mandetta

Índice terminou a segunda-feira com alta de 6,52%, a 74.072 pontos

O mercado teve sessão de otimismo em meio à desaceleração de casos do coronavírus na Europa. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), terminou a segunda-feira com alta de 6,52%, a  74.072 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 21,6 bilhões. Nos Estados Unidos, o S&P 500, principal indicador de avaliação das ações do mercado norte-americano, avançou 7,03%. Na Europa a Bolsa de Valores de Paris teve ganhos de 4,61% e a de Londres de 3,08%. Enquanto isso, o dólar comercial recuou 0,64%, sendo cotado a R$ 5,29.

O índice acionário brasileiro chegou a subir mais de 8%, mas diminuiu ganhos com a notícia de que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), poderia exonerar o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O dólar, que registrava queda acentuada, também diminuiu perdas com o aumento da aversão ao risco. Mandetta e Bolsonaro se confrontaram na visão sobre a melhor forma de combater a pandemia de coronavírus. O isolamento social total, é defendido pelo ministro, enquanto o presidente defende o isolamento apenas de grupos de risco. O mais cotado para a substituição seria o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra, que, no entanto, negou ter sido chamado para o cargo.

O economista Renan Silva, da BlueMetrix, avalia o cabo de guerra causado pela metodologia da quarentena. “Sabemos que o Mandetta está desalinhado com o que Bolsonaro desejaria, contudo tem fundamentos, com base em autoridades mundiais e em outros controles mais eficazes mundo afora. Ao mesmo tempo, o mercado também espera que as empresas tenham o menor impacto possível. Claro que a vida está em primeiro lugar, mas querem encontrar uma maneira que as empresas consigam perder menos receita e a manutenção ou estancamento de uma taxa de desemprego já muito elevada”, afirma. 

A alta generalizada se deu após Espanha e Itália informarem que as infecções e mortes pelo coronavírus desaceleraram neste fim de semana. A Itália registrou, no domingo, 525 mortes pela Covid-19, menor número diário de óbitos desde 19 de março, quando a epidemia explodiu na Lombardia. Enquanto a Espanha teve seu terceiro dia consecutivo de queda no número de mortos, que foi de 674. Já os Estados Unidos se preparam para a semana que deve ter uma explosão no número de casos. 

Para o economista, o mercado já precificou o pior cenário sobre o coronavírus e os investidores voltam parcialmente a ter confiança. “Temos uma redução pequena de aversão ao risco que promoveu uma reentrada de dólares canalizado para a bola, principalmente. Acredito que o pior já passou, à medida que vão surgindo perspectivas no campo da ciência que dão um norte. Ainda é um pouco cedo para dizer que o problema está resolvido, esse ano deve apresentar retração do PIB e meio do caminho resultados não favoráveis das empresas, o que ainda deve levar a algum retrocesso na bolsa, mas não nos níveis que já vimos”, pontua Silva.

Focus

Entre os indicadores, foi divulgado o Relatório de Mercado Focus, o levantamento realizado pelo Banco Central, mostrou uma forte revisão na projeção dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. A expectativa mediana caiu de -0,48% para -1,18%. Já para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, a projeção caiu de 2,94% para 2,72% e para 2021 a estimativa da inflação também retrocedeu, de 3,57% para 3,5%. 

O dólar teve sua projeção mantida em R$ 4,50 para 2020, apesar de ter sido elevada de R$ 4,30 para R$ 4,40 em 2021. A previsão para a taxa básica de juros (Selic) foi reduzida de 3,5% para 3,25% para 2020, indicando que os analistas já precificam mais um corte. Para 2021 a mediana passou de 5% para 4,75%.
 
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão