Com a crise provocada pelo novo coronavírus, bancos estão disponibilizando benefícios especiais para desafogar financeiramente os correntistas. Suspensão de parcelas de financiamentos e oferta de linhas de crédito ao consumidor são alguns dos incentivos dados pela Caixa, Banco do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco. Mas, muita gente que tem procurado as instituições reclama das dificuldades para ter acesso aos serviços. Entidades de varejo enviaram cartas ao Banco Central e ao Ministério da Economia relatando os entraves impostos pelos bancos para acesso ao crédito.
No Itaú, por exemplo, o cliente pode suspender por até 60 dias serviços de empréstimo pessoal, crédito imobiliário, crédito com garantia de imóveis e financiamento de veículos. Mas, para usufruir do benefício, é necessário que os contratos estejam em dia.
A oferta está disponível até 16 de maio. Durante o congelamento da parcela, fica mantida a mesma taxa de juros, sem a cobrança de multa. Porém, o banco ressalta que pode haver incidência de IOF –– Imposto sobre Operações Financeiras –– adicional, devido ao prolongamento do prazo total do empréstimo. Neste momento, o IOF está suspenso pelo governo.
Na simulação, feita pela central de atendimento telefônico, pessoas físicas podem conferir o novo valor de cada parcela e solicitar o benefício. Já pessoas jurídicas devem entrar em contato com o gerente de negócios para solicitar o congelamento de parcelas.
Jéssica Martins, 27 anos, é cliente do Itaú e financiou um veículo pelo banco. A designer optou por suspender duas prestações do crédito por 60 dias. Assim, o valor que seria utilizado para pagar as prestações agora servirá para manter outras contas em dia. “Aqui em casa, só eu estou com o salário integral até agora. Logo, tivemos que nos reorganizar e o benefício ajudou bastante”, comentou Jéssica sobre as mudanças financeiras provocadas pela crise da Covid-19.
A jovem conta que não houve juros. Assim, o banco apenas congelou dois pagamentos, que serão retomados ao final do contrato.
O Banco do Brasil oferece linhas de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) com condições especiais para aquisição de um novo empréstimo pessoal ou renegociação de um já existente. As carências para pagamento da primeira ou da próxima parcela variam entre 60 e 180 dias, de acordo com o produto escolhido. O cliente também pode requisitar o chamado Pula Parcela e, assim, flexibilizar o cronograma de pagamento da prestação, ficando de um a dois meses sem pagar as prestações.
As micro e pequenas empresas também podem adiar o vencimento de até duas parcelas no BB, que ficarão para o final do cronograma de pagamento do contrato. Os juros serão diluídos nas próximas mensalidades.
O Bradesco também anunciou mudanças nos pagamentos de dívidas e prestações. Os clientes da instituição terão 60 dias para pagar suas contas, mas só podem pedir o benefício aqueles que estiverem em dia com o banco. As taxas de juros que foram contratadas inicialmente serão mantidas e haverá cobrança proporcional, considerando-se a carência solicitada para o restante da operação.
O pedido de prorrogação pode ser feito nos canais digitais do Bradesco da seguinte forma: crédito pessoal, crédito parcelado, capital de giro e cheque especial de pessoas físicas e jurídicas. É necessário que o cliente ligue para a agência em que mantém conta e solicite a prorrogação. O gerente fará ajuste no contrato e disponibilizará a nova proposta nos canais do banco (internet banking, celular e autoatendimento), pelos quais o cliente fará a validação da alteração do contrato.
* Estagiários sob supervisão de Fabio Grecchi
Salário integral
O empresário Flávio Machado, 57 anos, conta que solicitou ao Bradesco um empréstimo como pessoa jurídica, com até seis meses de carência e 30 meses para pagamento. O objetivo é pagar os salários dos funcionários das duas escolas de música que administra.
“Nossa prioridade é assegurar a todos os colaboradores com o pagamento integral de salários e, ao mesmo tempo, manter as empresas de pé”, afirma. Flávio conta que a pandemia do coronavírus prejudicou o planejamento financeiro do negócio. As aulas, porém, continuam por meio digital e, dessa forma, consegue manter as matrículas existentes.
Apesar das condições de empréstimos oferecidas, o empresário se preocupa com a incerteza até a retomada da normalidade. Representa, segundo ele, que pode recorrer a novos empréstimos.
Saiba Mais
A Caixa Econômica Federal já havia prorrogado por 60 dias os prazos para pagamentos de dívidas, mas, devido ao recrudescimento da pandemia, aumentou para 90 dias. De acordo com o presidente da instituição, Pedro Guimarães, se a situação piorar, a expansão pode ser ainda mais dilatada. O banco decidiu reduzir juros do cartão de crédito e do cheque especial, que, nos dois casos, passaram para 2,9% ao ano.
“Nossa prioridade é segurar todos os colaboradores com o pagamento integral de salários e, ao mesmo tempo, manter as empresas de pé
Flávio Machado, empresário