A equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro pediu que as empresas e os consumidores brasileiros não aproveitem o momento econômico atípico, causado pela pandemia do novo coronavírus, para estimular a “cultura do calote”. O pedido foi feito pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em conferências realizadas com investidores e empresários ontem, sob o argumento de que manter as contas e os contratos em dia é importante para dar fôlego à economia.
“Entrarmos num regime de quebra de contrato vai ser muito danoso para a economia brasileira no médio e longo prazos. Se levarmos isso ao limite, teremos um colapso do sistema”, disse Roberto Campos Neto, lembrando que tem muita gente dizendo que, por conta da queda de receita, vai parar de pagar contas ou honrar contratos. “Se estamos pedindo refeição por aplicativo, usando telefonia, telecomunicações, vamos manter os pagamentos em dia para não destruir os serviços que estamos usando. Se estamos usando luz, vamos pagar as contas de luz para não sofrer lá na frente descontinuidade”, reforçou Paulo Guedes.
O ministro da Economia argumentou que é preciso manter a economia oxigenada, mesmo nessa situação, para que ela possa retomar suas atividades no fim desse período de isolamento social e desaceleração econômica. “Mantenham a economia hibernando. Não deixem o organismo colapsar”, disse.
Afinal, como lembrou o presidente do BC, essa crise é até mais grave do que a de 2008, por conta do impacto abrupto que provocou no setor de serviços, que representa 63% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. “Se for imaginar qual é o efeito colateral que nós queremos ter, preferimos ter até um fiscal um pouco pior para colocar dinheiro na mão das pessoas para que elas possam honrar seus contratos”, afirmou Campos Neto.