O Banco Central chegou a realizar um leilão em até 10 mil swaps cambiais tradicionais com vencimento em outubro de 2020 e janeiro de 2021, para rolagem de contratos já existentes, o que não foi capaz de conter a alta da moeda. Segundo analistas, a pandemia do novo coronavírus é o grande fator que tem feito o dólar subir não apenas ante o real, mas diversas outras moedas. Com foco no que deve ser o pico de infectados pela Covid-19 e a possibilidade de a pandemia anular o crescimento global, dificilmente a tendência de alta deve se reverter, principalmente contra divisas de países emergentes.
No caso da moeda brasileira, o economista e sócio da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, acredita que a instabilidade política pode ser um fator a mais, que vem sendo observado pelo mercado. “Se a gente for pegar o Brasil, o real é uma das moedas que mais se desvalorizaram em todo esse movimento, e o ambiente político aumenta ainda mais o risco e colabora com a valorização. Obviamente, a extensão do coronavírus é bastante iminente e o mais preocupante são os dados da economia. Essa conjuntural voltou a trazer tensão ao mercado, e o dólar acaba sendo um veículo de fuga, um porto seguro para o investidor. Aqui ainda temos a insegurança em relação à disputa do governo Bolsonaro, que troca farpas com o Congresso e com o próprio ministro da Saúde, mas esse não é o momento para ter briga, isso logicamente aumenta a tensão e o fator de risco”, avaliou.
O atual patamar da taxa básica de juros (Selic), em mínima histórica de 3,75%, também colabora para a redução do investimento vindo do exterior, uma vez que reduz rendimentos atrelados à taxa básica de juros, tornando alguns ativos brasileiros menos atraentes. Medidas econômicas do governo para o combate do coronavírus ainda estão no radar dos investidores.
Saiba Mais
O analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro, avaliou os fatores que explicam o fraco desempenho da bolsa Brasileira. “O péssimo resultado do número de vagas criadas nos EUA em março, considerando que a situação pode piorar em abril, elevou o nível de aversão pelo mundo. Além disso, tivemos o adiamento da votação da PEC do orçamento de guerra, o que não era esperado pelo mercado. Outro número negativo foi o resultado do setor de serviços. De acordo com a pesquisa PMI IHS Markit, o setor de serviços brasileiro caiu de 50,4 para 34,5 no mês de março, o que já demonstra o efeito primário do coronavírus na atividade econômica do país”, afirmou.
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão