Com o novo coronavírus se espalhando rapidamente pelo país, os empresários estão muito preocupados com o rumo dos negócios. Como acontece em várias cidades e estados, no Distrito Federal, comércios estão proibidos de abrir as portas para evitar a propagação da Covid-19. A paralisação vem causando grandes prejuízos aos empreendedores, sobretudo os de pequenos negócios. Para ajudar aqueles que estão fazendo de tudo para se manter de pé, o Correio ouviu especialistas para elaborarem dicas do que pode e deve ser feito neste momento de crise.
Estimativas de entidades como a Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), que reúne donos de estabelecimentos localizados em shoppings, e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) projetam que o setor poderá perder cerca de 5 milhões de funcionários até o fim de abril por conta da queda no faturamento. As demissões já começaram, e muitos já não sabem o que fazer.
Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás decretaram o fechamento do comércio e outros setores econômicos não essenciais. Shows e eventos que causem aglomeração também não são permitidos. Escolas e faculdades também estão fechadas. As medidas são uma forma de conter o coronavírus, fazendo as pessoas ficarem em casa, para evitar sobrecarga do sistema de saúde.
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) feito com 734 empresas de pequeno, médio e grande porte revelou que 79% delas sentiram recuo na demanda. Queda no faturamento já é realidade para 70% dos entrevistados. E 49% relataram cancelamento de pedidos e encomendas. “Tem que procurar evitar demissões, até porque isso traria consequências posteriores”, afirmou Robson Braga, presidente da entidade.
Em algumas cidades de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, as prefeituras flexibilizaram os decretos municipais para permitir a reabertura de parte do comércio. Todos, porém, terão restrições, como não permitir aglomerações. Mas é certo para todos que, durante a quarentena e na volta da rotina, os comerciantes vão ter que driblar os prejuízos para não serem tão prejudicados.
*Estagiários sob supervisão de Odail Figeuiredo
Saiba como atravessar a tormenta
É preciso examinar como anda o lado financeiro do negócio e avaliar se há ou não dinheiro suficiente para passar pela crise e não precisar fechar as portas. Caso o volume de caixa não seja suficiente, financiamentos e empréstimos são alternativas. Entretanto, é preciso ter muita cautela para não criar uma dívida que não se consiga pagar;
Fazer um diagnóstico dos pagamentos previstos e dividi-los por etapas. Priorizar o pagamento de funcionários e as contas básicas, como água, luz, telefone, aluguel, fornecedores, entre outros. Se houver dificuldade de depositar os salários, tente negociar; opte por reduzi-los enquanto durar o fechamento do estabelecimento. Mas a jornada de trabalho deve ser diminuída também;
Aproveitar o momento e se reinventar, em vez de entrar em desespero. Momentos de crise são uma ótima oportunidade para criar. Uma recomendação que sempre funciona é utilizar a internet em seu favor. Migrar para o mundo digital pode fazer o negócio crescer;
Ter equilíbrio emocional ajuda a contornar situações de dificuldade. A crise é forte, mas não é o fim do mundo e, sim, uma ótima chance de fazer a cabeça funcionar. Coloque seu negócio em primeiro lugar. Se for preciso, economize nos gastos pessoais;
A família e o empresário precisam ajustar as despesas à realidade do negócio. Buscar maior educação financeira em conjunto pode cair muito bem. Usar na empresa o dinheiro que conseguir economizar pode ser uma alternativa para obter recurso em meio à escassez financeira;
O home office pode ser uma boa saída para reduzir custos na empresa. Também é importante aproveitar as ferramentas on-line disponíveis, como Skype, Zoom, entre outras, para reuniões com a equipe. Isso pode ajudar na comunicação e manter o padrão do negócio;
Promover vendas on-line, utilizando ferramentas como site, redes sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram), ou a compra antecipada para utilização quando as atividades forem retomadas. É importante manter contato com os clientes e manter informações sobre seu produto ou serviço;
Negociar com bancos e fornecedores os valores, taxas de juros e carência para pagamentos, além de contratos de prestação de serviço, financiamentos anteriores e os aluguéis comerciais. Neste momento, todos estão mais abertos a conversar;
Tentar manter os empregos usando todos os subsídios oferecidos pelo governo (como as linhas de créditos específicas, disponibilizadas pelos bancos, a exemplo do BRB), o que pode ajudar com o capital de giro;
É preciso estar disposto a agir e buscar soluções para o momento. Aproveitar para se qualificar: há diversos cursos on-line oferecidos gratuitamente por instituições de ensino. Isso pode aumentar a capacidade do empreendedor para enfrentar a crise.
*Dicas de Renato Dias, gestor da R&F Contabilidade e Suporte Empresarial, e Reinaldo Domingos, presidente da Associação dos Educadores Financeiros (Adefin)