Economia

BC quer agir no crédito



Os juros cobrados das famílias e das empresas brasileiras começaram o ano em alta. Apesar da redução da taxa básica de juros (Selic) e da norma que limitou os juros do cheque especial, a taxa média do crédito livre subiu para 46,7% ao ano, no caso das famílias, e para 17% ao ano para as empresas, segundo o Banco Central (BC). A alta é de 0,7 ponto percentual no ano e, de acordo com os analistas, está se acelerando por conta da onda de incerteza que o coronavírus lançou sobre a economia brasileira. Por isso, o BC decidiu pedir a autorização do Congresso Nacional para tomar medidas mais agressivas de estabilização do mercado de crédito em situações de instabilidade econômica como a atual.

A autoridade monetária anunciou ontem que vai apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pedindo autorização para comprar créditos diretamente das empresas — uma medida adotada recentemente pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, para enfrentar da crise do coronavírus. Se a PEC for aprovada, “o Banco Central vai poder comprar crédito diretamente, como faz o BC americano e outros BCs mundo afora. É uma medida muito importante para estabilizar o crédito”, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Liquidez
Campos Neto explicou que, hoje, o BC pode apenas injetar liquidez no sistema financeiro. No início desta semana, por exemplo, a autoridade monetária anunciou um pacote que promete liberar R$ 1,2 trilhão aos bancos. Mesmo depois disso, famílias e empresários continuam reclamando dos juros e das dificuldades de obter crédito. “Como teve uma corrida das empresas para ter o máximo de liquidez, os bancos passaram a precificar a liquidez. Aí o custo de crédito sobe. Nós queremos estabilizar o custo de crédito para as empresas que são mais penalizadas nesse momento”, afirmou. (MB)