Economia

Para Maia, pacote é 'tímido'





Em reunião com empresários de diversos setores, promovida pelo grupo Lide, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) elogiou a iniciativa do governo federal de elaborar um empréstimo para empresários pagarem os salários de funcionários durante a crise. O pacote foi anunciado na manhã de ontem, e destinará R$ 40 bilhões (R$ 20 bilhões por mês, durante dois meses) para micro e pequenas empresas. A expectativa do Banco Central é de que 1,4 milhão de empresas e 12,2 milhões de trabalhadores se beneficiem. Porém, Maia destacou que a medida ainda é “tímida”.

Diferentemente da última quarta-feira, quando, na sessão remota da Câmara, acenou diplomaticamente ao governo, ontem Maia pediu unidade e, por várias vezes, destacou que o Executivo federal precisa assumir a liderança dos Três Poderes para enfrentar as crises na saúde e na economia provocadas pela pandemia de coronavírus.

“Não acho ruim (a medida), porque, pela informação que tenho, a taxa de captação é a mesma do empréstimo. Uma carência, um prazo para pagar, a garantia majoritária do governo. Mas ainda é tímida. Acho que R$ 20 bilhões por mês não vai resolver nada”, disse.

Maia também alertou que não levar a crise a sério trará resultados catastróficos para o país e que, sem medidas contundentes e a garantia do isolamento para reduzir a velocidade de infecção do coronavírus, no fim dos próximos 60 dias, diversas empresas fecharão. Questionado sobre se o governo já deveria ter agido, por exemplo, para mitigar o desemprego, disse: “é óbvio”.

“Ou o governo vai decidir ou o Congresso vai decidir. Se a decisão não chegar, vai chegar desorganizada. É bom? Não, é péssimo. É óbvio que o governo já deveria ter feito isso. É óbvio que o governo já deveria ter suspendido os contratos, e liberado o seguro desemprego como contrapartida. É óbvio que esse empréstimo que o governo está fazendo já deveria ter sido feito em um volume maior, do meu ponto de vista”, observou.




Bancos garantem apoio ao fundo
Os presidentes do Bradesco, do Itaú Unibanco e do Santander garantem que os R$ 40 bilhões anunciados pelo governo para financiar folhas de pagamento vão chegar às pequenas e médias empresas. Ao aderirem à criação de um fundo emergencial, as instituições privadas, juntas, arcarão com 15% da conta. “É mais um passo que os bancos dão para proteger a economia”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em nota. O presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, destacou a parceria entre o setor público e o privado “para o bem-estar da sociedade”. Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, prometeu fazer o dinheiro chegar às empresas, “com o único propósito de manutenção de empregos”.