O setor de aviação civil do país terá um impacto negativo de US$ 7,7 bilhões em 2020 por conta da crise causada pela pandemia do coronavírus, que fechou fronteiras e derrubou a demanda por voos. O valor representa 40% de redução na receita na comparação com 2019. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (26/3), pela A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).
Em teleconferência, o vice-presidente para as Américas da Iata, Peter Cerda, na América Latina e no Caribe, as perdas chegarão a US$ 15 bilhões. No mundo, ele estima que mais de 100 companhias podem falir, porque pararam completamente as operações. A crise também poderá representar a perda de 61 mil empregos diretos no Brasil em 2020, segundo Cerda. A associação já tinha divulgado que, em termos globais, o setor vai perder US$ 252 bilhões em 2020.
“O Brasil está os países latinos mais impactados no setor de aviação nesta crise sem precedentes. E a conectividade aérea internacional entre os países da América Latina é quase zero”, afirmou. Cerda explicou que vários outros setores dependem da aviação comercial, por isso, as entidades representativas estão pedindo toda a ajuda possível aos governos.
Peter Cerda lembrou que o setor garante 7,2 milhões de empregos ao redor do mundo. “Há países que só podem ser acessados por avião e outros nos quais os medicamento e alimentos só chegam por transporte aéreo. Não é só sobre salvar companhias, mas empregos, importação e exportação. Teremos muitos efeitos negativos nos negócios que dependem de voar”, destacou. O vice-presidente ressaltou que o governo do Brasil tem tomado medidas para ajudar as empresas. “O Ministério da Infraestrutura está junto com as companhias”, disse.
Segundo ele, os desafios são enormes, mesmo quando o setor puder retomar as atividades. “Ainda precisamos definir como serão os protocolos para retomar as viagens internacionais assim que os governos se sentirem seguros com relação ao controle da pandemia”, ressaltou.
Repatriados
Cerda pediu paciência aos passageiros que querem ser repatriados, porque há atrasos. “Os governos estão muito pressionados, mas há procedimentos que precisam ser respeitados em todos os países, há restrições nos aeroportos, estamos numa batalha. Os processos estão mais lentos, isso está frustrando os passageiros, mas não é culpa das empresas”, disse. “Sabemos que os passageiros têm direitos, mas as coisas estão fora de controle”, acrescentou.
Saiba Mais
“Não conseguimos contato com a empresa para remarcamos as passagem, mas no site da companhia as mesmas continuam a ser vendidas, e por valores totalmente abusivos, ultrapassando a cifra de R$ 12 mil por passageiro para o trecho Lisboa-São Paulo”, acrescenta. “Reafirmamos que o cenário descrito -- de falta de informação, assistência e respeito aos clientes -- não tem nenhuma relação com a situação de pandemia. São práticas intoleráveis e desumanas, especialmente nesse momento de crise”, completa.
Procurada, a Latam informou que manteve a sua operação regular em Lisboa até 22 de março. “Contudo, devido a uma restrição operacional determinada pelo aeroporto local que proíbe as companhias aéreas de manter a aeronave estacionada no aeroporto, foi necessário readequar o planejamento da rota Lisboa/São Paulo (Guarulhos). A companhia está trabalhando fortemente para atender os passageiros impactados e já programou voos especiais para trazê-los de volta ao Brasil nos dias 27, 29 e 31 de março e 1 de abril.”