Ao comentar sobre a revisão das previsões macroeconômicas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, admitiram que os cenários estão desatualizados. Contudo, evitaram fazer projeções mais em linha com o mercado, que já está prevendo recessão este ano em função dos impactos da pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Contudo, ambos admitem que os riscos têm aumentando diariamente e estão sendo monitorados.
Conforme o relatório divulgado nesta quinta-feira (26/3), o BC reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% para zero, considerando o cenário básico até última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. “Os cenários estão sendo revisados com uma velocidade muito grande. E fizemos um corte até a data do Copom”, explicou Kanczuk. Ele admitiu que até o cenário do IBC-Br, que registrou alta de 0,24% no PIB de janeiro, “está defasado”, mas evitou fazer novas projeções.
O diretor do BC acrescentou que a situação para os países emergentes tende a ficar mais preocupante, com um aumento expressivo dos riscos. “O cenário para as economias emergentes se tornou desafiador”, afirmou. “Há um aumento imenso na variância dos cenários, engordando a cauda das previsões mais pessimistas”, disse ele, acrescentando que também está engordando nesse período de confinamento.
Saiba Mais
O secretário estadual da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, prevê retração de 10% no segundo trimestre deste ano devido à pandemia do novo coronavírus. “Depois disso, pode haver uma recuperação diminuindo o percentual para o ano, mas a queda do PIB poderá ser entre 3% e 5%, dependendo da velocidade da recuperação”, explicou o ex-ministro da Fazenda ao Correio. “Penso 3% é a queda mais provável hoje, mas isso muda a cada semana ou dia”, completou.