De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de 0,02% foi influenciado, sobretudo, pela queda dos preços dos transportes. Entre a segunda quinzena de fevereiro e a primeira quinzena de março, houve uma queda de 16,88% nos preços das passagens aéreas. Também foi registrada uma redução de 0,49% dos preços dos combustíveis - número que reflete a redução dos preços da gasolina (-1,18%) e do diesel (-1,95%) anunciada pela Petrobras depois que a crise do coronavírus derrubou os preços internacionais do petróleo.
Ainda houve uma queda significativa de preços no grupo de Habitação (-0,28%), em função da energia elétrica, que está na bandeira verde neste mês de março. E uma desaceleração na alimentação fora do domicílio, cujos preços haviam subido 0,38% no IPCA-15 de fevereiro e variaram apenas 0,03 no indicador de março, possivelmente por conta das limitações no funcionamento dos bares e restaurantes nesse período de pandemia.
Ainda por conta dos efeitos do coronavírus, o que puxou a prévia da inflação para cima foram justamente os produtos que têm sido mais procurados pelos brasileiros nesse momento de isolamento social: alimentação para consumo doméstico e produtos farmacêuticos.
A maior contribuição positiva foi do grupo Saúde e Cuidados pessoais, que subiu 0,84% principalmente por conta das altas nos itens de higiene pessoal (2,36%) e dos planos de saúde (0,6%). O grupo foi responsável por 0,11 ponto percentual do IPCA-15 e, por isso, evitou que o indicador ficasse no campo negativo.
Segundo o IBGE, ainda houva uma alta significativa do grupo de alimentação e bebidas (0,35%), porque a alimentação no domicílio, que havia registrado queda de 0,32% em fevereiro, subiu 0,49% m março. A alta reflete, sobretudo, o aumento dos preços da cenoura (23,92%), do ovo de galinha (5,10%), do tomate (4,93%) e do leite longa vida (1,37%), além da queda menos intensa da carne, que vinha caindo cerca de 5% ao mês depois da alta registrada no fim do ano passado, mas agora apresentou redução de 1,81%.
Deflação
O IPCA-15 de março não ficou no campo negativo por pouco, mas parte do mercado dos economistas brasileiros não descartava a possibilidade de deflação, em face da redução da demanda pelos produtos do comércio e pelas atividades dos serviços provocada pela pandemia do coronavírus. E a inflação negativa, que é rara no Brasil, de fato chegou a ser registrada em algumas capitais brasileiras.
De acordo com o IBGE, cinco das onze regiões pesquisadas apresentaram deflação em março. Em Goiânia, por exemplo, o índice foi de -0,5%. E em Brasília de -0,02% - resultado parecido com os de São Paulo e Rio de Janeiro (-0,03%). O índice brasileiro só não seguiu essa tendência, portanto, porque algumas regiões ainda tiveram alta representativa dos preços, como Fortaleza (0,44%).