O setor de turismo é um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus. No Brasil, as receitas do segmento encolheram 16,7% na primeira quinzena de março em relação a igual período de 2018. As perdas somam R$ 2,2 bilhões em apenas 15 dias. Os dados foram divulgados, nesta quinta-feira (19/3), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CVC). Isso porque os protocolos de ação contra a disseminação da Covid-19 implicam em fechamento de fronteiras e cancelamentos de voos.
Para o economista da CVC Fabio Bentes, o prejuízo total no Brasil dependerá da curva de contaminação, cujo pico de notificações deverá se dar na segunda quinzena de abril. O estudo da CNC cruzou informações do Índice de Atividade do Turismo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados relativos ao fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais, levando em conta elasticidade entre a demanda por voos nos países mais infectados pela doença e o número de casos registrados.
Restrições
“As restrições impostas pelo protocolo de ação em nível global para frear o ritmo de expansão do vírus e o fechamento das fronteiras a estrangeiros em diversos países atingiram em cheio o deslocamento de passageiros no Brasil e no mundo. A despeito de medidas econômicas emergenciais adotadas mundo afora para mitigar os efeitos da pandemia, tanto no Brasil quanto no exterior o fluxo de passageiros tende a impor severas perdas ao turismo”, conclui o estudo.
“No Brasil não há razão para se esperar comportamento diferente por parte dos passageiros. Pelas dimensões do território brasileiro e complexa logística rodoviária, o fluxo de passageiros nacionais e estrangeiros no transporte aéreo guarda forte correlação (81%) com a geração real de receitas no segmento turístico nacional”, destacou.
Nas regiões mais afetadas pela disseminação de novos casos, a queda no nível de atividade do transporte aéreo foi significativa. Para cada aumento diário de 10% no número de novos casos, houve uma retração de 3,5% no fluxo de passageiros em relação ao dia anterior. “O setor de Turismo vinha liderando o processo de recuperação econômica desde o início da recessão no
início de 2015. Não fosse a pandemia, seguramente, voltaríamos ao nível pré-recessão até o final do ano, cenário agora descartado”, observou Bentes.
Carta aberta
Diante das notícias sobre o cenário econômico brasileiro, referentes ao novo coronavírus, o trade turístico brasileiro se uniu para envio de uma carta aberta emergencial ao governo. A Resorts Brasil, aliada a instituições ligadas ao setor, pede socorro para que as atividades não sejam paralisadas, com impacto nos 1,35 milhão de empregos diretos e indiretos gerados na cadeia. “Hoje, o turismo movimenta 152 setores da economia”, justificou.
Segue a íntegra da carta e abaixo as entidades signatárias:
“CARTA ABERTA AO GOVERNO FEDERAL
Os setores de hotéis, parques e entretenimento estão em ESTADO DE EMERGÊNCIA. A pandemia do Coronavírus trouxe o risco real de fechamento de várias empresas. As associações hoteleiras e de parques do Brasil, Resorts Brasil, ABIH, FOHB, FBHA, BLTA, Sindepat, Adibra e Unedestinos, responsáveis por mais de um milhão de empregos diretos e indiretos não vão suportar o impacto financeiro caso não haja uma intervenção do governo federal para garantir a continuidade das empresas e a manutenção dos empregos de seus colaboradores.
A Medida Provisória anunciada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, não representa uma solução para o setor mais duramente afetado por esta crise. Os índices de cancelamento de eventos, de hospedagens corporativas e de lazer, que estão na ordem de 75% a 100%, além de acentuada queda na visitação dos parques, colocam em xeque a sobrevivência destes empreendimentos no país.
A situação é caótica e, em um espaço curtíssimo de tempo, o setor de turismo estará irremediavelmente comprometido, sob pena de suprimir da economia R$ 31,3 bilhões e quatrocentos mil postos de trabalho. Ressaltamos que não se trata de prejuízo pontual e imediato, mas sim da desarticulação e falência da cadeia turística nacional que poderá causar consequências permanentes para a economia do país.”
Resorts Brasil (Associação Brasileira de Resorts)
Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH)
Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB)
Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA)
Brazilian Luxury Travel Association (BLTA)
Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (SINDEPAT)
Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (ADIBRA)
União Nacional de CVBx e Entidades de Destinos (UNEDESTINOS)
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