“O colapso das transportadoras afetará 80 milhões de usuários de baixa renda que não têm alternativa para se locomoverem. Diferentemente da atenção dada pelo governo às companhias de transporte aéreo, o nosso setor não recebeu qualquer consideração, apesar de toda a sociedade e o governo em particular, conhecerem o desfavorecimento econômico e a dependência dos usuários dos serviços que prestamos, que não têm outra opção de locomoção até para se tratarem da doença, como, ao contrário, é o caso dos passageiros das companhias aéreas”, alegou a associação, em nota.
Para a preservação das empresas e garantia da continuidade dos serviços, a Anatrip propõe a suspensão por seis meses da cobrança de PIS/Cofins e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente nos combustíveis, no âmbito federal, e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tanto o que incide sobre o óleo diesel como o que é cobrado dos passageiros, no âmbito estadual. A entidade também pede a desoneração da folha de pagamento, a fim de preservar empregos. “A proposta vai na mesma linha do que está sendo feito para o setor aéreo”, justificou.
A Anatrip calculou que, caso as transportadoras não resistam à crise, “100 mil empregos diretos e 400 mil indiretos estarão em jogo, pois a experiência desses primeiros dias, desde que a proliferação dos casos aumentou no país, já indica uma retração de 60% na demanda de passageiros”. A associação ressaltou, ainda, que as medidas para reduzir as perdas financeiras das empresas devem ser estendidas às empresas de transporte rodoviário interestadual.
Cargas
A NTC&Logística, associação que reúne transportadoras de cargas, tomou medidas internas para evitar a disseminação do vírus. Reuniões e eventos estão suspensos e os associados foram orientados a seguir as orientações de especialistas, preservando suas famílias, seus colaboradores e seus clientes.
“Em um momento de crise como este, o transporte de cargas se torna ainda mais importante para o abastecimento das cadeias de suprimento. Precisamos dar continuidade às nossas atividades, mas, de forma segura e responsável. Não podemos permitir que aconteça o desabastecimento, principalmente de alimentos e medicamentos. É nossa responsabilidade social continuar operando da melhor maneira possível”, anunciou, em nota.
A sugestão da NTC é que as atividades das empresas de transportes prossigam, mas que sejam evitadas aglomerações no interior dos estabelecimentos e adotadas as boas práticas de higiene e distâncias entre si, além das demais regras orientadas pelas autoridades de saúde.
“Essas medidas poderão manter o transporte rodoviário de cargas em funcionamento, tendo em vista que quase 6% de todas as pessoas empregadas no mundo inteiro trabalham no setor, principalmente em pequenas e médias empresas que, devido ao seu tamanho, não conseguem lidar facilmente com choques externos, como os impactos econômicos trazidos com Covid-19”, acrescentou.