Economia

Semana Santa dá incentivo



Datas especiais como a Semana Santa incentivam o consumo de proteína de peixe no país. É o que acontece na família da pedagoga Rafaela Garcez, de 20 anos. Ela e a bacharel em direito Carolina Garcez, 25, irmãs que moram no Riacho Fundo II, contam que, tradicionalmente, a Páscoa é a época do ano em que mais consomem pescados. 
 
“Sempre tivemos costume de comer peixe, principalmente na Semana Santa, e mais especificamente na Sexta-Feira Santa. É uma tradição da família, nós não comemos carne nesse dia. Minha mãe é do Pará e meu pai é do Maranhão e eles sempre tiveram esse costume”, conta Rafaela.
 
Ela revela ainda que a família compra o alimento em peixarias locais no Riacho Fundo II, no Recanto das Emas e na Feira do Guará. A pedagoga reclama, no entanto, da falta de variedade de espécies nos mercados: “A gente come muito filé de tilápia, salmão, tambaqui, esses que são mais comuns em Brasília. Aqui, temos esse problema, não há muita variedade. Quando eu viajo para o Pará, tem uma variedade maior de peixes.”
 
A irmã, Carolina Garcez, conta que come carne branca pensando nos benefícios à saúde: “Com certeza faz bem à saúde, porque eu acho o peixe bem mais leve que a carne de gado. Ele é mais fácil de ser digerido e existem nutrientes que só podem ser encontrados na carne do pescado.

Benefícios

Já a artesã Maria do Carmo, de 52 anos, moradora do Distrito Federal, costuma consumir peixe principalmente em restaurantes da capital. Mas também prepara em casa. Ela afirma, no entanto, que come porque gosta e não pensando nos benefícios à saúde. 
 
“O meu consumo vem de vários anos. Não pelos benefícios, mas, sim, porque gosto de uma boa tilápia frita, uma moqueca de peixe bem preparada, um surubim ao molho e, lógico, um camarão internacional que costumo encontrar em bons restaurantes do DF”, explica Maria.
 
Apesar da crença popular na eficácia da proteína de peixe na saúde, apenas seu consumo não garante benefícios. O pescado tem melhor digestibilidade e, em geral, menos gordura, mas existem outros fatores envolvidos. É o que explica o professor do Departamento de Nutrição da UnB, José Garrofe Dórea. 
 
“No peixe, há propriedades interessantes que não existem em outras carnes. A maioria dos peixes tem menos gordura que uma carne de porco, por exemplo. Se o objetivo da pessoa é diminuir a ingestão de gordura, pode sair do porco e ir para o frango e depois para o peixe. É a carne mais facilmente digerível”.
 
Segundo José, “é importante ter uma dieta variável, independentemente do que se coma. Desde que mantenham-se os nutrientes. Você pode ter deficiências clínicas quando não come nada. Por isso, os seres humanos vivem em qualquer lugar do mundo. Eles se adaptam. Animais herbívoros não podem comer carne, por exemplo. Carnívoros não comem folhas, o sistema deles não é feito para isso.” 
 
“Se você deixar de comer peixe, não quer dizer que você vai ter alguma deficiência. Nutrientes podem ser encontrados em outros lugares. O importante é não ter desequilíbrio nutricional”, finaliza o especialista.

*Estagiário sob a supervisão de  Andreia Castro