Em um dia de pânico e caos nos mercados globais, com as bolsas europeias realizando o pior desempenho da história, e o pregão dos Estados Unidos encostando no crash de 1987, o Federal Reserve Bank (Fed, o banco central americano) anunciou, ontem, que vai injetar US$ 1,5 trilhão na economia. A medida é uma tentativa de mitigar os efeitos do coronavírus no mundo. Os principais índices europeus caíram em média 11,5% e os norte-americanos recuaram quase 10%.
Segundo o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, a medida surtiu efeito imediato, porém sem sustentação. “A bolsa americana estava nas mínimas e as ações dispararam após o anúncio do Fed, mas voltaram a cair. A situação é dramática e essa intervenção agressiva é um esforço de acalmar os mercados”, explicou. “Porém, o problema não é dinheiro, como foi na crise de 2008. Daí a razão para a qual a injeção de liquidez está tendo pouco resultado”, completou.
Tanto nos Estados Unidos como no Brasil, ontem foi o segundo dia consecutivo de paralisação das operações, o chamado circuit breaker — mecanismo que suspende o pregão quando a queda é muito acentuada — e o terceiro na semana. Na segunda-feira, segundo Spyer, o Fed injetou US$ 50 bilhões, depois mais US$ 175 bilhões por meio de operações de recompras de títulos (repo) durante a noite, o chamado overnight.
US$ 500 bi
Segundo o cronograma divulgado ontem, a autoridade monetária americana ofertou ontem US$ 500 bilhões em títulos de operações de recompra de três meses. Na sexta-feira, serão US$ 500 bilhões em títulos de três meses e US$ 500 bilhões em títulos de um mês. O Fed informou que as operações de recompra de US$ 500 bilhões em títulos de três meses e de um mês serão feitas semanalmente. As de US$ 45 bilhões em títulos de duas semanas passam a acontecer duas vezes por semana.
Além disso, a distrital nova-iorquina do banco central americano seguirá oferecendo ao menos US$ 175 bilhões em títulos overnight diariamente. Os mercados estão reagindo ao forte alastramento do coronavírus pelo mundo. “As medidas que os governos estão tomando são muito prejudiciais para as empresas, como o fechamento de fronteiras e cancelamento de viagens de avião. As companhias vão quebrar porque ninguém vai entrar numa aeronave em três meses. Na Itália, está tudo fechado, só estão abertos supermercados e farmácias”, observou Spyer. (SK)