"As intervenções têm sido pontuais, respondendo a eventos e disfuncionalidades específicas, mas podem durar o tempo que for necessário para o retorno do regular funcionamento do mercado de câmbio", afirmou o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, na apresentação que levou como apoio para uma palestra sobre investimentos que foi promovida pela Bloomberg em São Paulo nesta manhã.
A apresentação de Fernandes assegura que a autoridade monetária "diagnosticou as condições necessárias para atuação" diante da crise financeira que foi instalada pelo avanço do coronavírus no mundo e levou o real a uma " tendência de depreciação acelerada, semelhante a períodos de crise aguda". Depreciação que, por sinal, se acentuou na manhã desta segunda-feira, depois do fracasso da negociação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que derrubou em mais de 30% o preço do barril do petróleo.
"Essa é uma conjuntura que permite ao BCB dispor de todos os seus instrumentos, no volume que entender apropriado, para promover o regular funcionamento do mercado de câmbio", acrescenta o documento elaborado por Fernandes, acrescentando que a atual posição cambial líquida do BC, de US$ 330 bilhões, é "o maior nível histórico, quando medido em relação ao PIB, em torno de 20%". "A posição cambial do BCB é um seguro robusto contra choques externos", garante.
Pouco depois que essa apresentação foi disponibilizada à imprensa pelo Banco Central, por sinal, a autoridade monetária vendeu R$ 3 bilhões em reservas para tentar regular o câmbio. A venda foi três vezes maior do que o anunciado inicialmente e vem na esteira de uma série de leilões extraordinários de swap cambial. A medida, porém, não teve sucesso em conter a alta do dólar, que segue avançando por conta do temor do mercado em relação ao avanço do coronavírus pelo mundo e, sobretudo, em relação a uma possível guerra de preços do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia.