Economia

Mansueto prevê fim da dívida e retomada do gasto público após 2022

O secretário do Tesouro Nacional disse que o Brasil ainda enfrenta muitos desafios econômicos e, por isso, a resolução do endividamento público ocorra depois de 2022

Ainda não será no primeiro mandato do presidente Jair Bolsonaro que o Brasil vai sair do vermelho. E quem admitiu isso foi o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida. Mansueto disse nesta quinta-feira (5/3) que o Brasil ainda enfrenta muitos desafios econômicos e, por isso, apenas vai sair do endividamento e retomar a capacidade de investimento público depois de 2022. 

"Nós estamos falando de um país que, mesmo fazendo o dever de casa, ainda vai terminar esse governo com as contas no vermelho, com déficit primário. A gente está falando de um país que não vai conseguir recuperar a capacidade de aumentar o investimento público, dada a discricionalidade atual, até 2022", afirmou Mansueto, ao comentar a situação da economia brasileira em uma rodada de debates promovida pelo Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração (Consad) em Brasília nesta quinta-feira (5/3). 

Mansueto alegou que, mesmo com o ajuste fiscal que está em curso, o Brasil ainda está com o quadro fiscal muito apertado, por conta do aumento de despesas obrigatórias como as despesas de pessoal e as despesas previdenciárias. As despesas previdenciárias, por sinal, ainda vão crescer R$ 51 bilhões neste ano, segundo ele, já que a reforma da Previdência tem um efeito de longo prazo. 

Ele disse até que, por conta disso, o governo pode ter que fazer um novo contingenciamento mesmo após a aprovação do orçamento impositivo. "Os desafios são enormes no governo federal. Mesmo com o orçamento impositivo, se não houver arrecadação da forma como foi aprovada na Lei Orçamentária Anual (LOA), o governo terá que fazer um contingenciamento para cumprir com as metas fiscais, com a meta primária", alertou o secretário, que também admitiu estar preocupado com o crescimento da economia brasileira, que é um gatilho importante para a arrecadação, diante deste cenário em que toda a economia mundial está desacelerando em virtude da epidemia de coronavírus.

"Eu durmo preocupado porque não sei o que vai acontecer com p crescimento do mundo. A gente sabe o que é a China crescendo 6%, 7% ao ano. Não sabe o que vai acontecer com a China crescendo 3% ao ano. Não sabe o que vai acontecer com o mundo num cenário de crescimento baixo e com o Brasil anida em fase de recuperação. Isso assusta e tem impacto no Brasil", afirmou.

Ainda assim, o secretário do Tesouro garantiu que a situação brasileira é melhor que a de alguns anos atrás. Por isso, Mansueto defendeu que é preciso dar continuidade ao processo de ajuste fiscal em todo o Brasil e também superar as divergências políticas para aprofundar e acelerar o debate sobre as reformas econômicas no Congresso. "Precisamos fazer um esforço gradual para reduzir a despesa e recuperar a capacidade de investimento do setor público", defendeu o secretário