A indústria teve um crescimento pífio no ano passado, segundo os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados ontem. O setor registrou alta de 0,5%, sem modificações em relação ao resultado do ano anterior. O resultado foi afetado pelo desempenho da indústria extrativa, após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), no início do ano, e pela crise na Argentina. Apesar disso, é a primeira vez nos últimos oito anos que a indústria cresce por dois períodos consecutivos.
Apesar de ter mostrado alguma recuperação no último trimestre, a produção da indústria extrativa terminou o ano com recuo de 1,1%, puxando todo o setor para baixo, segundo Marcelo Azevedo, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O segmento de transformação cresceu 0,1% e a construção civil, 1,6%. Já na párea de produção e distribuição de eletricidade, gás e água houve alta de 1,9%.
A indústria de transformação, segundo Azevedo, foi muito afetada pela questão externa. Em forte crise, a Argentina, que é um grande parceiro comercial do Brasil, reduziu a importação impactando, sobretudo, a indústria automobilística. E a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos também desacelerou o comércio mundial.
De acordo com Azevedo, a baixa demanda interna também afetou o desempenho do setor industrial. “No mercado doméstico, a demanda só começou a pegar ritmo no segundo semestre. Mas, com estoques e alta ociosidade, a indústria não reagiu na mesma velocidade”, afirmou.
O destaque positivo foi a construção civil, que é uma grande geradora de empregos e registrou a primeira alta depois de cinco anos de queda. Azevedo destacou que a alta foi sustentada pelo mercado imobiliário, já que as obras de infraestrutura continuam estagnadas por causa da restrição fiscal do governo. A expectativa da CNI é de que o programa de concessões do governo federal avance neste ano.