Economia

PIB da Indústria mantém crescimento de 0,5% em 2019; crises prejudicaram

Resultado é o mesmo do ano anterior. Economista da CNI afirma que crises externas como a guerra comercial entre EUA e China e a crise argentina afetaram negativamente o resultado das indústrias.

Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 20:00
Resultado é o mesmo do ano anterior. Economista da CNI afirma que crises externas como a guerra comercial entre EUA e China e a crise argentina afetaram negativamente o resultado das indústrias.A indústria teve um crescimento tímido nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta quarta-feira (4/3). Os dados são do IBGE. O setor registrou alta de 0,5%, sem modificações em relação à alta do ano anterior. Resultado frio, porém, foi afetado pelo desempenho da indústria extrativa, após o rompimento da barragem de Brumadinho. Apesar disso, é a primeira vez nos últimos oito anos que a indústria cresce dois anos consecutivos no PIB.

De acordo com análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), os componentes do setor industrial, em comparação ao mesmo trimestre de 2018, os segmentos que registraram incrementos foram: indústrias extrativas (3,4%), transformação (1,1%) e construção (1,0%). Já no segmento de produção e distribuição de eletricidade, gás e água houve decréscimo de 0,8%.

O economista da CNI Marcelo Azevedo afirmou, no entanto, que a tragédia em Brumadinho influenciou negativamente a indústria extrativista. "Teve uma paralisação por conta disso. E, por mais que os últimos dois trimestres tenham mostrado uma recuperação, não foi o suficiente para reverter o início do ano. Então, a indústria extrativa puxou o resultado para baixo", explica.

Já a indústria de transformação, segundo ele, foi muito afetada pela questão externa. Afinal, a Argentina, que é um grande parceiro comercial do Brasil, está em crise e, por isso, reduziu a importação de produtos brasileiros. A indústria automobilística, por exemplo, foi muito impactada por isso. E a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos também desacelerou o comércio mundial. "Isso tudo reduziu a exportação e a indústria de transformação", explicou Azevedo, destacando que a baixa demanda interna também afetou o desempenho desse setor industrial. 

"No mercado doméstico, a demanda só começou a pegar ritmo no segundo semestre. E, dada a questão de estoque e ociosidade, a indústria não acompanhou no mesmo ritmo e não reagiu na mesma velocidade. Então, a indústria de transformação andou de lado", afirmou.

O destaque positivo da indústria foi mesmo a indústria da construção civil, que é uma grande geradora de empregos e registrou a primeira alta em anos. Azevedo destacou, por sua vez, que essa alta foi sustentada pelo mercado imobiliário. Isto é, pelos edifícios. Afinal, as obras de infraestrutura continuam estagnadas por causa da restrição fiscal do governo. A expectativa da CNI é, portanto, que o programa de concessões do governo federal avance neste ano para que os investidores privados assumam certos programas e, assim, retomem as grandes obras de infraestrutura no Brasil, elevando a atividade da construção civil.

“A retomada das obras de infraestrutura depende da continuidade do plano de concessões. Com o governo passando a bolsa para o setor privado, através da continuidade do plano de concessões, é possível que aumente, porque temos necessidade de investimento, mas o governo tem pouco espaço para investir em vista do ajuste fiscal", explicou Azevedo.

Em nota, o presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP e CIESP), Paulo Skaf, comentou o resultado do PIB. “O resultado de 1,1% ficou em linha com os três anos anteriores e dentro das expectativas, afinal, o ano de 2019 começou com a atividade econômica estagnada e observamos o processo de retomada econômica a partir de agosto”, diz ele.

Skaf também revela que espera-se que o ano de 2020 seja positivo, apesar das consequências causadas pelo surto de coronavírus. “Os dados da atividade de 2020 apontam para a continuidade do processo de retomada, consistente, com crescimento do PIB acima de 2,5%. Porém, como tudo, na vida real, estamos sujeitos a fatos inesperados, como os efeitos negativos da doença causada pelo Coronavírus na atividade econômica. Vamos trabalhar juntos para minimizar esses efeitos e garantir o crescimento econômico e a geração de emprego que o Brasil deseja e merece”, finaliza o presidente.

*Estagiário sob a supervisão de Vicente Nunes

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags